Operação da PF investiga prostituição com ouro em terra indígena

Agentes federais apuram esquema onde mulheres prestavam sexo em troca de ouro extraído ilegalmente na TI Sararé, em Mato Grosso

Fonte: CenárioMT

Operação da PF investiga prostituição com ouro em terra indígena
Foto: PMMT

Nas últimas semanas, a região do interior de Mato Grosso vem registrando oscilações na incidência de crimes correlatos: em municípios próximos ao território indígena Sararé, dados oficiais apontam aumento de 27 % nas ocorrências associadas a crime organizado em 2024 frente a 2023 (fonte: SSP estadual). Com base nesse cenário crescente, emerge um caso com desdobramentos graves e inéditos em sua articulação.

Na sexta-feira (10), a Polícia Federal deflagrou a chamada Operação Lençol de Areia com o objetivo de desarticular um suposto esquema que combinava prostituição e extração ilegal de ouro no interior da Terra Indígena Sararé, localizada na fronteira entre municípios de Mato Grosso. Segundo comunicado oficial, a investigação mira crimes como manutenção de casa de prostituição e usurpação de bens da União, dado que o ouro extraído pertence ao Estado.

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As apurações tiveram início após denúncia anônima apontar funcionamento clandestino de um bar e prostíbulo dentro da chamada “Garimpo do Cururu”, situado na TI Sararé. De acordo com a PF, a principal investigada usava redes sociais para oferecer serviços sexuais, aceitando ouro ilegal como pagamento — ligação explícita entre exploração sexual e mineração criminosa dentro de área indígena.

Durante cumprimento de mandados autorizados pela 2ª Vara Federal Cível e Criminal de Cáceres (MT), agentes recolheram documentos, aparelhos eletrônicos e outros insumos na residência ligada à suspeita, com o objetivo de fortalecer provas já reunidas nos autos. Consta no inquérito que o esquema pode envolver financistas e beneficiários maiores do que parece inicialmente.

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Contexto ampliado e implicações legais

Este não é um caso isolado. Em operações recentes, a PF já apreendeu áreas degradadas por garimpo em terras indígenas no Estado, contabilizando danos ambientais de mais de R$ 11 milhões entre 2022 e 2024 em intervenções correlatas à mineração ilegal. O crime investigado agora cruza duas frentes complexas: ilícito ambiental e exploração sexual.

Do ponto de vista jurídico, a prática pode enquadrar-se no art. 231 do Código Penal (tráfico de pessoas para exploração sexual), além do crime de usurpação de bens públicos previsto no art. 2º da Lei 7.492/86. Vale lembrar que a jurisprudência nacional já admite a aplicação desse tipo penal mesmo quando a exploração não se consuma plenamente, apenas o aliciamento ou oferta basta.

No âmbito histórico, este é o terceiro caso descoberto de prostituição em áreas de garimpo ilegal no Estado em 2025 — outro ocorreu em uma localidade vizinha, nas proximidades de Colniza, onde o modus operandi era também o intercâmbio de ouro por sexo.

À medida que a investigação avança, espera-se a identificação de redes de apoio logístico, grupos financiadores ou de transporte, inclusive fora dos limites da terra indígena. A PF informou que as diligências prosseguem e que a meta é responsabilizar todos os envolvidos — dentro ou fora da cadeia regional.

Para quem acompanha estes casos, reforça-se a necessidade de atenção integral: denúncias podem ser feitas via Disque 100, à Polícia Civil local ou à Polícia Federal. Internamente, o inquérito segue sob sigilo, segundo nota protocolar distribuída à imprensa pela PF.

As informações foram confirmadas pela assessoria da Polícia Federal, que mantém acompanhamento direto à operação e aos desdobramentos judiciais.

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