Os preços do trigo continuam em queda no mercado brasileiro, conforme apontam os levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. O recuo é resultado do avanço da colheita nacional, que eleva a oferta interna, somado a fatores externos que intensificaram a pressão sobre as cotações nas últimas semanas.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, o principal fator adicional foi o breve corte nas taxas de exportação da Argentina, medida que tornou o trigo argentino momentaneamente mais competitivo no mercado internacional. Esse cenário acabou redirecionando parte da demanda brasileira ao país vizinho, que é historicamente o maior fornecedor externo de trigo ao Brasil.
Com a paridade de importação reduzida, os vendedores domésticos se viram obrigados a ajustar os preços para baixo, buscando manter a competitividade frente ao produto argentino. A tendência, segundo analistas, é de que o mercado continue sensível à oferta e à movimentação cambial nas próximas semanas, especialmente à medida que o ritmo da colheita se intensifica nos principais estados produtores do Sul do país.
Mesmo com os preços em queda, o Cepea destaca que a conjuntura atual não chega a comprometer o abastecimento interno, mas reforça a importância da integração entre política agrícola e competitividade comercial para garantir estabilidade ao setor moageiro e aos produtores brasileiros.