O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) promoveu, na última quarta-feira (1º), um ato cultural em homenagem ao pianista Francisco Tenório Jr., desaparecido em 1976 durante a ditadura militar argentina. A cerimônia foi coordenada por Gilberto Gil e contou com a participação de artistas como Caetano Veloso, Joyce Moreno e Marcos Valle.
Conhecido como Tenorinho, o músico foi sequestrado, torturado e executado por integrantes da Operação Condor. Ele desapareceu após sair de um hotel em Buenos Aires para comprar cigarros e remédios, enquanto estava em turnê com Vinícius de Moraes e Toquinho. Seu corpo foi enterrado como indigente no cemitério de Benavídez, mas a identidade só foi confirmada em setembro deste ano, após exames de impressões digitais conduzidos pela Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF).
O reconhecimento encerra uma espera de quase cinco décadas e reafirma a importância da luta por memória e justiça na América Latina. Tenório Jr. já havia sido reconhecido como desaparecido político pelo Brasil e incluído no Parque da Memória em Buenos Aires em 1997.
O evento também contou com a presença de familiares do pianista, além de representantes das Mães da Praça de Maio e da Marcha do Silêncio, do Uruguai, movimentos que simbolizam a resistência contra os regimes militares do Cone Sul. Durante o ato, Helena Molinaro, representante das Mães da Praça de Maio, destacou: “A única luta que se perde é a que se abandona”.
Carioca de Laranjeiras, Tenório Jr. foi referência no samba-jazz e na bossa nova, colaborando com artistas como Gal Costa e Milton Nascimento. Sua morte tornou-se um marco da violência política e, ao mesmo tempo, um símbolo da força da música brasileira diante da repressão.