O Brasil registrou déficit de US$ 4,7 bilhões nas contas externas em agosto, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Embora negativo, o resultado é melhor do que o déficit de US$ 7,2 bilhões registrado no mesmo mês de 2024.
No acumulado de 12 meses até agosto, o saldo negativo chegou a US$ 76,2 bilhões, equivalente a 3,51% do Produto Interno Bruto (PIB). Em julho, o déficit estava em US$ 78,7 bilhões (3,66% do PIB). Já em agosto de 2024, o valor era de US$ 43,6 bilhões, ou 1,95% do PIB.
Entre janeiro e agosto de 2025, o déficit acumulado somou US$ 46,8 bilhões, o maior para o período desde 2015, quando atingiu US$ 51,6 bilhões.
Composição do saldo
As contas externas refletem a relação do Brasil com o restante do mundo, incluindo resultados da balança comercial, serviços, renda primária e secundária. Um déficit indica que o país enviou mais recursos para fora do que recebeu, o que pode impactar a moeda nacional e aumentar a necessidade de financiamento externo.
Em agosto, a balança comercial registrou superávit de US$ 5,5 bilhões, resultado de alta nas exportações (US$ 30 bilhões, avanço de 3,8%) e queda nas importações (US$ 24,5 bilhões, recuo de 2,6%). No mesmo período de 2024, o superávit comercial foi de US$ 3,7 bilhões. Mesmo sob impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre parte dos produtos brasileiros, as vendas externas cresceram, impulsionadas pela busca de novos mercados, como China e Argentina.
Na balança de serviços, o déficit foi de US$ 4,2 bilhões, 20,3% menor que em agosto de 2024. Já a conta de renda primária ficou negativa em US$ 6,3 bilhões, alta de 6,4% na comparação anual. A conta de renda secundária registrou superávit de US$ 397 milhões.
Fatores do aumento
Segundo o Banco Central, o déficit acumulado nos oito primeiros meses de 2025 aumentou porque o superávit da balança comercial caiu, passando de US$ 48 bilhões em 2024 para US$ 37,5 bilhões neste ano. As exportações permaneceram estáveis (+0,3%), enquanto as importações cresceram 6,1%.
Investimentos e reservas
Os investimentos diretos no país somaram US$ 8 bilhões em agosto, valor próximo ao observado no mesmo mês de 2024. No acumulado de 12 meses, o volume chegou a US$ 69 bilhões, o que representa 3,18% do PIB.
As reservas internacionais atingiram US$ 350,8 bilhões em agosto, aumento de US$ 5,7 bilhões em relação ao mês anterior e o maior nível desde novembro de 2024. Esses recursos funcionam como um colchão de segurança para enfrentar oscilações externas e garantir estabilidade em períodos de saída de capital.