Uma discussão em frente a um estabelecimento comercial de Sorriso, considerada de natureza banal pela Justiça, terminou em homicídio e levou o acusado a julgamento pelo Tribunal do Júri. A decisão foi confirmada pela Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que, por unanimidade, manteve a pronúncia e negou recurso da defesa.
De acordo com os autos, o acusado trabalhava como vigia noturno de forma informal em alguns comércios da região e, durante uma ronda, encontrou a vítima em frente a uma loja de acessórios. Ele ordenou que o homem deixasse o local, usado frequentemente por moradores em situação de rua. A recusa desencadeou uma briga que evoluiu para agressões físicas.
Segundo a denúncia, o vigia sacou um revólver calibre 38 e disparou. Um dos tiros atingiu a perna da vítima, que ainda tentou reagir. Na luta corporal, o acusado tomou posse de uma faca e atingiu o abdômen do homem, que chegou a pedir socorro aos policiais, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
Testemunhas relataram que a motivação do crime estava ligada apenas à permanência da vítima no local. Um policial confirmou que encontrou o homem gravemente ferido e que ele conseguiu apontar o vigia como autor da agressão antes de falecer.
Na primeira fase do processo, o réu foi pronunciado pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil, já que o porte ilegal de arma de fogo prescreveu. A defesa recorreu tentando afastar a qualificadora, mas o colegiado rejeitou os argumentos. O relator, desembargador Juvenal Pereira da Silva, ressaltou que a pronúncia é apenas um juízo de admissibilidade, sendo suficientes os indícios de autoria e materialidade para que o caso seja apreciado pelo júri.
