Vinte trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão em uma fazenda isolada de Nova Maringá, a 392 km de Cuiabá, na última segunda-feira (15). O grupo relatou dificuldades extremas de sobrevivência durante o período em que esteve no local.
Segundo os depoimentos, a alimentação se restringia a açaí, mandioca e patuá, com pescarias ocasionais para obter proteína. Durante 25 dias, os trabalhadores não receberam nenhum pagamento. Um deles contou que dormiam no mato para evitar o calor intenso dentro das lonas improvisadas.
A água utilizada vinha do rio da região, que também servia como banheiro em outro ponto. Em períodos de estiagem, o fluxo diminuía drasticamente, comprometendo ainda mais a sobrevivência dos trabalhadores.
Dos resgatados, 16 estavam sem registro formal e recebiam apenas por produção, sem salário fixo. Os outros quatro, embora registrados, recebiam apenas 30% na carteira de trabalho, sendo o restante pago de forma irregular e também atrelado à produção.
A fazenda ficava a cerca de 120 km da cidade mais próxima, sem transporte público ou privado disponível. Sem recursos financeiros, os trabalhadores afirmaram que não tinham como deixar o local por conta própria.
Quatro deles estavam confinados em um contêiner sem ar-condicionado, sem camas, roupas de cama ou armários, em ambiente considerado insalubre e sem higiene.
Os trabalhadores foram retirados da fazenda sob supervisão da equipe de fiscalização. As verbas rescisórias foram exigidas do empregador, somando aproximadamente R$ 418 mil.
A operação envolveu órgãos de fiscalização e instituições de apoio, além do Projeto Ação Integrada, responsável por promover acolhimento e reinserção dos trabalhadores após o resgate. Também foi proposto um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) aos responsáveis.
O caso reforça a gravidade da exploração laboral em regiões isoladas de Mato Grosso, onde ações de fiscalização se tornam essenciais para combater práticas ilegais.


















