Mais de 50 dias após o sequestro e a tortura de uma família em Sorriso, Mato Grosso, os principais suspeitos permanecem presos. O caso ganhou repercussão após as vítimas relatarem que até um bebê de 28 dias foi ameaçado de ser queimado vivo, numa tentativa de forçar a mãe a desistir de um processo trabalhista.
Entre os acusados está a empresária e acadêmica de Educação Física Lara Fabia Ribeiro de Oliveira, apontada como uma das articuladoras do crime. Na decisão proferida em 20 de agosto, o desembargador Juvenal Pereira da Silva negou o pedido de habeas corpus e manteve a prisão preventiva decretada pela 1ª Vara Criminal de Sorriso. Segundo ele, a medida é necessária para garantir a ordem pública e a aplicação da lei penal, diante da gravidade dos fatos e dos indícios de participação dos réus.
Com a decisão, seguem presos, além da empresária, Anderley Vieira da Silva, Atilla Jeremias de Sousa, Cleomar Aparecido e Valmir de Oliveira. O magistrado frisou que o habeas corpus só tem decisão rápida em situações de flagrante ilegalidade, o que não se verificou neste caso.
Durante o crime, os criminosos se passaram por passageiros de aplicativo e renderam a família dentro de casa. As vítimas relataram ter sofrido agressões físicas e ameaças de morte. O grupo chegou a dizer que incendiaria o bebê de 28 dias caso a mãe não desistisse do processo trabalhista.
Após serem levadas em dois veículos, a família foi abandonada em uma área de mata entre a BR-163 e a MT-242. Em ação policial, equipes da Força Tática localizaram um Jeep Compass e um Toyota Corolla usados no crime. Sete pessoas foram presas, e apreendidos um revólver calibre 38, uma pistola calibre 380, munições, celulares e placas veiculares.
A defesa dos acusados alegou ilegalidade da prisão preventiva e pediu que os réus respondessem em liberdade, sustentando que possuem bons antecedentes e poderiam adotar medidas alternativas, como uso de tornozeleira eletrônica. Também citaram “overcharging”, termo usado para excesso de acusações.
No entanto, o desembargador rejeitou os argumentos e reafirmou que há provas e indícios da prática criminosa, cometida com violência extrema e até disparos de arma de fogo diante do bebê. O mérito do pedido ainda será avaliado pela 4ª Câmara Criminal do TJMT.
O caso reforça a gravidade da violência em Mato Grosso e segue em análise no Tribunal de Justiça.