O Rio Tietê segue em condição vulnerável, mesmo com a redução de 15,9% da mancha de poluição, que caiu de 207 quilômetros em 2024 para 174 km em 2025. O levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica mostra que apenas um ponto da bacia apresentou água classificada como boa, enquanto a maioria permanece entre regular, ruim ou péssima.
O estudo Observando o Tietê, divulgado às vésperas do Dia do Rio Tietê, reforça que o maior rio paulista segue exposto a pressões urbanas, industriais, energéticas e agropecuárias. Dos 55 pontos analisados em 41 rios, apenas 1,8% atingiram condição boa. O restante se dividiu entre regular (61,8%), ruim (27,3%) e péssima (9,1%). Nenhum ponto foi classificado como ótimo.
A bacia, que abrange 265 municípios e mais de 9 milhões de hectares, apresentou avanços entre 2016 e 2021, mas voltou a registrar retrocessos a partir de 2022. A mancha de poluição atingiu o maior nível recente em 2024, com 207 km, e apesar da redução neste ano, os dados mostram que a recuperação não é consistente.
No trecho entre Salesópolis e Barra Bonita, a água de boa qualidade caiu drasticamente de 119 km em 2024 para apenas 34 km em 2025. Ao mesmo tempo, a condição regular avançou, mas ainda impõe restrições ao uso múltiplo da água.
Segundo a SOS Mata Atlântica, fatores como a queda do índice de chuvas – que passou de 2.050 mm em 2010 para 1.072 mm em 2024 –, além de acidentes ambientais, esgoto não tratado e descartes irregulares, ampliam a vulnerabilidade do rio. O lixo descartado incorretamente e a falta de responsabilidade de empresas em relação à logística reversa também agravam o cenário.
Especialistas defendem a continuidade das obras de despoluição, aliada a políticas de saneamento, manejo de resíduos sólidos, proteção de nascentes e criação de parques lineares. Apesar de investimentos, alguns trechos permanecem em condição péssima, o que reforça a necessidade de revisar a classificação da água e adotar medidas estruturais de longo prazo.