O Rio de Janeiro será a primeira cidade do país a oferecer aos motociclistas do 99Moto o Relatório de Direção com Telemetria, que avalia o desempenho dos condutores em relação às regras e boas práticas de trânsito. A ferramenta está prevista para ser lançada no último trimestre de 2025, conforme anúncio do diretor de negócios da 99, Leandro Abecassis.
A iniciativa é fruto de uma parceria firmada em maio com a Prefeitura do Rio de Janeiro, permitindo o compartilhamento de dados com o poder público e contribuindo para um planejamento urbano mais seguro em meio ao aumento da frota de motocicletas na cidade.
O sistema de telemetria monitora freadas bruscas, curvas perigosas, excesso de velocidade e outros comportamentos de risco, gerando uma pontuação individual para cada motociclista. Comportamentos reincidentes podem levar ao bloqueio do condutor, mas o foco principal é educar e informar sobre ajustes necessários no trânsito, destacou Abecassis.
A tecnologia, já usada pela DiDi Chuxing na China há cinco anos, está sendo adaptada no Brasil com apoio do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT). Hoje, a 99 depende de denúncias de passageiros para identificar infrações, mas a telemetria permitirá uma supervisão mais precisa.
Aumento da frota
Com a expansão acelerada da frota, que passou de 305 mil para 462 mil motos entre 2018 e 2025, o município busca soluções para reduzir acidentes e melhorar a segurança viária. Entre janeiro e junho deste ano, 14.497 vítimas de sinistros com motos foram atendidas em hospitais públicos do Rio.
Pesquisa do Instituto Cordial indica que, apesar da alta frota, a proporção de usuários do 99Moto envolvidos em sinistros graves e fatais é significativamente menor que a média nacional, reforçando que o monitoramento profissional reduz a imprudência em comparação a motociclistas não monitorados.
Velocidade e segurança
O excesso de velocidade continua sendo um fator crítico nos acidentes de motocicleta. Dados apontam que atropelamentos a 30 km/h têm 15% de chance de resultar em morte, enquanto a 70 km/h esse índice sobe para quase 100%. Reduzir a velocidade é a medida mais eficaz para diminuir sinistros e fatalidades, afirma o diretor do Instituto Cordial, Luis Fernando Villaça.
A Prefeitura do Rio chegou a anunciar limites de 60 km/h para motos, mas recuou em maio. André Drummond, da CET-Rio, ressalta que a padronização de limites de velocidade é fundamental para aumentar a segurança e reduzir a confusão no trânsito.
Lesões e saúde pública
O ortopedista Marcos Musafir alerta que até sinistros leves podem causar lesões significativas, como contusões, entorses e distensões musculares, e que os casos graves estão aumentando. Para conscientizar sobre a gravidade dos acidentes de moto, a SBOT lançou a campanha ‘Na Moto, Na Moral – não mate, não morra’, buscando reduzir lesões e mortes no trânsito.