A cantora Fabiana Cozza levou ao palco do Festival Artes Vertentes, em Tiradentes (MG), uma apresentação marcada pela defesa da união e pelo combate à intolerância. O espetáculo teve como base o álbum Dos Santos, lançado em 2020, em plena pandemia, com a participação de diversos artistas que compuseram canções dedicadas aos orixás.
Segundo Cozza, o disco nasceu coletivo e acompanhou muitas pessoas em tempos de dor e incerteza. Para ela, a obra representa uma resposta à política individualista que, em suas palavras, “mata o sujeito e o sonho”. A escolha de Tiradentes como palco foi também um gesto de homenagem à história da cidade, marcada tanto pela violência da escravidão quanto pela resistência de sua população negra.
O festival deste ano reuniu congadeiros, moçambiqueiros e mestres da cultura local, reforçando o caráter comunitário da iniciativa. Cozza, reconhecida como uma das grandes vozes de sua geração e premiada no Prêmio da Música Brasileira, ressaltou a necessidade de solidariedade e diálogo diante do avanço da intolerância e da ultradireita no Brasil e no mundo.
A 14ª edição do Festival Artes Vertentes, com o tema “Entre as margens do Atlântico”, promove um encontro entre América, África e Europa. O evento integra a Temporada França-Brasil e segue até 21 de setembro com apresentações gratuitas em Tiradentes, São João del Rei e Bichinho.