Inflação em agosto recua mais entre famílias de baixa renda, aponta Ipea

Levantamento do Ipea mostra que a queda na inflação em agosto foi mais intensa para famílias de menor renda, enquanto lares mais ricos registraram leve alta.

Fonte: CenárioMT

Inflação em agosto recua mais entre famílias de baixa renda, aponta Ipea
Foto: Espaço do Povo Paraisópolis/Divulgação

Em agosto, a inflação recuou de forma mais acentuada entre as famílias de menor renda. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), enquanto o índice oficial registrou deflação de 0,11%, lares com renda de até R$ 3,3 mil tiveram queda superior a 0,20%. Já entre as famílias com renda acima de R$ 22 mil, houve alta de 0,10%.

O resultado faz parte do boletim Inflação por Faixa de Renda, divulgado mensalmente pelo Ipea, que compara o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE com o custo de vida em diferentes estratos de renda.

Entre as seis faixas de renda analisadas, as três mais baixas registraram a maior deflação: muito baixa (-0,29%), baixa (-0,21%) e média-baixa (-0,19%). As demais ficaram próximas da média geral: renda média (-0,07%), média-alta (0%) e alta (0,10%).

Impacto dos alimentos e da energia

Segundo a pesquisadora Maria Andreia Parente Lameiras, a queda foi mais forte entre os mais pobres devido ao peso maior de itens como alimentação e habitação no orçamento. O movimento foi influenciado pela deflação dos alimentos no domicílio e pela redução das tarifas de energia elétrica, beneficiadas pelo Bônus de Itaipu, que compensou a cobrança da bandeira vermelha patamar 2.

Os principais recuos em agosto foram observados em cereais (-2,5%), tubérculos (-8,1%), café (-2,2%) e proteínas animais como carnes (-0,43%), aves e ovos (-0,8%) e leite (-1%). Já entre as famílias de renda mais alta, a queda desses itens foi parcialmente anulada pela alta de serviços, especialmente alimentação fora de casa e recreação.

Acumulado em 12 meses

No acumulado de 12 meses, a percepção se inverte. As famílias mais pobres registraram inflação mais elevada, acima de 5,2%, enquanto os mais ricos tiveram variação próxima a 5%. O IPCA geral no período atingiu 5,13%, superando a meta de 3% definida pelo governo, com limite de até 4,5%.

O estudo aponta que os principais fatores de pressão ao longo do ano foram alimentos e bebidas, habitação, transportes, além de saúde e cuidados pessoais.