O campo mato-grossense viveu um momento simbólico para a pecuária leiteira no último final de semana. No sábado, 13 de setembro, nasceu em Comodoro a primeira bezerra resultado do projeto de inseminação artificial conduzido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT). O marco, que se deu nove meses após a inseminação realizada em 13 de dezembro de 2024, inaugura uma nova etapa para centenas de produtores assistidos pela Assistência Técnica e Gerencial (ATeG).
O protagonista dessa conquista é o produtor Elizel Carlos de Almeida, de 44 anos, proprietário do Sítio São Jorge, na Gleba Zambam. Antigo boiadeiro que juntou seu rebanho aos poucos até conquistar sua propriedade há oito anos, Elizel encontrou na ATeG a oportunidade de acelerar seu projeto na pecuária de leite. Assistido há 15 meses, encerrou o primeiro ano com média de 55,4 litros de leite por dia e, ao participar da primeira rodada de inseminações promovida pelo Senar-MT, conseguiu sete vacas prenhes. Agora, celebra o nascimento do primeiro bezerro.
“Genética é a base para evoluir na pecuária de leite”, resumiu o produtor, emocionado.
O acompanhamento técnico foi feito pelo especialista Ransvagner Silva Garcia, que reforçou o caráter transformador do projeto. “Produtores de pequenas propriedades têm muitas dificuldades para acessar tecnologias como a inseminação. O Elizel já buscava melhorias por conta própria, mas agora o processo ficou mais acessível e eficiente”, destacou.
Na propriedade, 16 animais foram inseminados, com oito prenhezes confirmadas. O trabalho contou com a coordenação do médico veterinário Max Vinicius, do supervisor Alessandro dos Santos Nogueira e da supervisora do projeto Jéssica, além dos analistas Renato e Ronivaldo.
O gerente da ATeG, Bruno Faria, explicou que o nascimento representa apenas o primeiro passo de uma transformação mais ampla. Segundo ele, mais de 10 mil vacas já foram inseminadas em Mato Grosso e a meta para este ano é atingir de 25 a 30 mil, com capacidade para chegar a 170 mil animais anuais em todo o estado. “Esse bezerro é simbólico porque mostra que a política de investir em tecnologia, gestão e conhecimento gera resultados para quem mais precisa: o pequeno e o médio produtor”, afirmou.
O presidente do Sistema Famato, Vilmondes Tomain, reforçou a dimensão coletiva do avanço. “Ver nascer esse primeiro bezerro é ver nascer também um novo tempo para a pecuária leiteira de Mato Grosso. Esse projeto devolve ao produtor rural a confiança de que é possível crescer com qualidade, tecnologia e sustentabilidade”, disse.
E os frutos não demoraram a aparecer. Um dia após a primeira bezerra vir ao mundo, outros dois bezerros nasceram na propriedade de Elizel, ampliando a alegria e reforçando o impacto da iniciativa. Para o superintendente do Senar-MT, Marcelo Lupatini, o desfecho é revelador: “Mais do que números, estamos falando de vidas sendo impactadas e de sonhos que se tornam possíveis. O nascimento dos primeiros animais mostra que estamos no rumo certo, levando conhecimento, inovação e esperança para o campo mato-grossense”.
Comemorado como marco, o nascimento em Comodoro simboliza o início de uma nova geração de rebanhos mais produtivos e geneticamente qualificados em Mato Grosso. Nas próximas semanas, novos bezerros devem nascer em diferentes regiões, consolidando o projeto como peça-chave para a transformação da cadeia do leite no estado.