Apesar das recentes projeções de aumento na produção brasileira de milho, os preços do grão seguem sustentados em boa parte das regiões monitoradas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O cenário reflete, sobretudo, a combinação entre a firme demanda interna e a postura mais cautelosa de vendedores, que têm limitado a oferta imediata ao mercado.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, mesmo com a colheita avançando, parte dos produtores opta por segurar os estoques à espera de melhores oportunidades de negociação, reduzindo a liquidez no mercado físico. Essa estratégia tem garantido certa estabilidade nas cotações, ainda que as estimativas oficiais apontem para um aumento expressivo na produção nacional.
Segundo os dados divulgados na última semana pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra 2024/25 deve atingir 139,69 milhões de toneladas, número 2% superior ao estimado em julho e 21% acima do volume colhido na temporada passada (2023/24). O crescimento reforça a boa recuperação da produção, influenciada pelo clima mais favorável e pelo desempenho positivo da segunda safra, que responde pela maior parte do milho brasileiro.
Mesmo diante desse aumento, a manutenção dos preços em patamares firmes indica que o mercado interno segue ditando o ritmo das negociações. A demanda da indústria de rações e do setor de proteína animal continua absorvendo boa parte da oferta, enquanto o cenário externo, marcado pela competição com grandes exportadores, permanece como ponto de atenção para o escoamento do excedente.
A equação entre maior produção e preços ainda sustentados mostra que o mercado de milho atravessa um momento de equilíbrio delicado. Para os próximos meses, analistas avaliam que o comportamento da demanda interna e a evolução das exportações serão determinantes para definir se os preços conseguirão se manter firmes ou se tendem a ceder diante do avanço da oferta.