Mato Grosso no fio da história: pluma ganha força e produtividade surpreende em 24/25

Fonte: CENÁRIOMT

Produtores de algodão de Mato Grosso têm até sábado (15) para fazer cadastro das propriedades
Clima favorável compensou atrasos e impulsionou produtividade da pluma em Mato Grosso, maior produtor de algodão do Brasil.

O coração do agronegócio brasileiro bate mais forte em Mato Grosso, e a temporada 2024/25 promete entrar para a história da cotonicultura. Dados recentes do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) indicam que o estado, responsável por liderar a produção nacional de algodão, deve registrar uma produtividade média de 308,08 arrobas por hectare, crescimento de 5,61% em relação ao ciclo anterior. Caso confirmada, essa marca será a segunda maior da série histórica, consolidando o vigor da safra.

Chuvas atípicas impulsionaram produtividade

A temporada surpreendeu produtores e equipes técnicas. Chuvas fora de época, registradas em maio e junho, prolongaram o ciclo da cultura e favoreceram o enchimento das maçãs. Embora alguns talhões já estivessem com capulhos abertos, a maior parte das áreas cultivadas colheu os frutos dessa condição climática incomum. Em áreas de pesquisa e lavouras comerciais, as médias superaram expectativas, alcançando índices acima de 390 arrobas por hectare, com registros pontuais próximos de 460 arrobas.

Esses números reforçam como a influência climática foi decisiva, mas também ressaltam a importância de boas práticas de manejo, escolha adequada de cultivares e definição precisa da época de semeadura para garantir maiores patamares de produtividade em diferentes safras.

Área e produção crescem acima da média

“Entre chuvas atípicas e custos altos, o algodão de MT floresce como nunca”
Entre chuvas atípicas e custos altos, o algodão de MT floresce como nunca

De acordo com o IMEA, a área cultivada com algodão em Mato Grosso alcançou 1,52 milhão de hectares, um aumento de 4,18% em relação à safra 23/24. A produção total esperada é de 7,04 milhões de toneladas de algodão em caroço, das quais 2,90 milhões de toneladas correspondem ao algodão em pluma, representando uma elevação de 11,38% em comparação ao ciclo anterior. O resultado consolida o papel estratégico do estado como principal fornecedor da fibra no Brasil e um dos maiores no cenário internacional.

Tempo compensou atrasos no plantio

Apesar dos avanços, a safra enfrentou desafios iniciais. A irregularidade das chuvas atrasou o plantio da soja, principal cultura do estado, o que empurrou o calendário do algodão. Esse efeito cascata resultou em um atraso de cerca de 8% na colheita, em comparação à temporada passada. Com o avanço do ciclo, no entanto, as condições climáticas favoráveis compensaram parte das dificuldades, permitindo ganhos de produtividade e qualidade da fibra acima do esperado.

Expectativas para a safra 25/26

Com a colheita avançada e os resultados consolidados, a atenção já se volta para o ciclo 2025/26. A previsão climática do Inmet aponta para chuvas acima da média no oeste de Mato Grosso e dentro da normalidade nas demais regiões a partir de outubro. O cenário deve favorecer a semeadura das novas lavouras, prevista para iniciar ainda no mesmo mês. A tendência é que os produtores concentrem esforços em áreas de maior potencial produtivo, reduzindo riscos em locais com histórico de menor desempenho.

Essa estratégia de identificar e priorizar os talhões mais produtivos tem ganhado espaço no planejamento agrícola, já que os resultados da safra atual evidenciaram variações significativas de rendimento entre áreas distintas. A experiência reforça a necessidade de análises detalhadas e de investimentos direcionados para garantir maior eficiência.

Mercado externo e certificações em foco

Outro ponto de atenção é o mercado internacional. As exportações de algodão mato-grossense seguem estimadas em 2,06 milhões de toneladas, de acordo com o IMEA. A concorrência com fibras sintéticas mantém a pressão sobre os cotonicultores, que têm buscado ampliar diferenciais competitivos. Entre eles, destacam-se os investimentos em certificações de sustentabilidade, como o Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e o Better Cotton, cada vez mais valorizados por compradores globais.

Esses selos funcionam como credenciais que reforçam a imagem da fibra nacional como produto natural, de alta qualidade e produzido de forma ambientalmente responsável, fatores que tendem a fortalecer a posição do algodão brasileiro no mercado têxtil mundial.

Com clima aliado, produtividade elevada e perspectivas positivas, a safra 24/25 de algodão em Mato Grosso se firma como um marco para o setor. Mesmo diante de custos elevados e preços pressionados, os cotonicultores demonstraram resiliência e capacidade de adaptação. Para o próximo ciclo, o desafio será manter a eficiência produtiva, expandir práticas sustentáveis e aproveitar a janela de oportunidades no mercado global, consolidando o estado como referência na produção da pluma.