Mato Grosso tem queda histórica de matrizes e bezerros

Fonte: CenárioMT

gado aftosa
A maioria do rebanho bovino está concentrada nas regiões norte e oeste. - Foto por: Secom-MT

O rebanho bovino em Mato Grosso somou 32,16 milhões de cabeças em 2025, segundo levantamento parcial do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea). Esse volume representa uma redução de 2,03% frente ao ano anterior. O movimento de queda reflete o intenso descarte de fêmeas nos últimos anos, que resultou no menor número de matrizes da história do Estado.

Queda nas matrizes compromete o futuro da pecuária

O volume de fêmeas em idade reprodutiva (acima de 24 meses), por exemplo, caiu 3,43%, sendo o terceiro ano consecutivo de retração. Com isso, a participação das matrizes no rebanho total de Mato Grosso atingiu 61,3%, o menor patamar já registrado desde o início das medições oficiais.

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Impactos diretos na produção de bezerros

De acordo com o relatório do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), esse cenário impacta diretamente a produção de bezerros de 0 a 12 meses. Em 2025, já foi registrado um recuo de 4,27% em relação a 2024, configurando a maior queda já observada na série histórica. Esse movimento preocupa pecuaristas, uma vez que o ciclo de reposição fica comprometido.

O relatório ainda aponta que a queda na oferta de bezerros tende a pressionar o mercado nos próximos anos. Em regiões como Norte e Médio-Norte do Estado, polos de pecuária de corte, a redução já é sentida em leilões e negociações de gado de reposição.

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Mercado reage com alta nos preços

matrizes e bezerros

“Com a redução na produção de bezerros e o aumento na demanda pela carne bovina, os preços da categoria tendem a ser impulsionados”, destaca o Imea. O momento é considerado positivo para o sistema de cria, já que a valorização pode compensar parte das perdas registradas pela redução no plantel de matrizes.

Segundo levantamento do Agro Estadão, o mercado de reposição vem registrando valorizações consecutivas ao longo de 2025. O bezerro de desmama (6,5@), de acordo com dados da Scot Consultoria, teve alta expressiva de 33,6% em um ano. A arroba em São Paulo passou de R$ 292,26 em agosto de 2024 para R$ 390,60 em agosto deste ano, refletindo a escassez da oferta.

Fatores que explicam a retração

Especialistas apontam que a redução do número de matrizes está diretamente ligada ao descarte de fêmeas nos anos anteriores, em resposta a momentos de arroba valorizada e aumento do abate. Essa prática, embora lucrativa no curto prazo, compromete a capacidade de reprodução do rebanho, impactando toda a cadeia da pecuária de corte.

Outro ponto em destaque é a influência do clima. Secas prolongadas em algumas regiões do Estado dificultaram a manutenção de pastagens e forçaram produtores a reduzir seus plantéis para equilibrar custos de produção. Esse cenário reforça a necessidade de estratégias de manejo mais sustentáveis e de investimentos em genética e nutrição animal.

Consequências para o mercado da carne bovina

O recuo no número de matrizes e bezerros não afeta apenas o setor de cria, mas também a cadeia da carne bovina como um todo. Menor oferta de bezerros significa, no médio prazo, redução no número de bois gordos disponíveis para abate, o que pode pressionar ainda mais os preços da carne no mercado interno e externo.

Mato Grosso, maior produtor de carne bovina do Brasil, responde por uma fatia significativa das exportações nacionais. Se a oferta de animais continuar em queda, os frigoríficos podem enfrentar maior concorrência pela compra de gado, o que tende a elevar os custos de produção e afetar a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional.

Perspectivas para os próximos anos

Apesar do cenário desafiador, analistas acreditam que o mercado pode se equilibrar nos próximos anos. O atual movimento de valorização do bezerro pode estimular a retenção de matrizes e incentivar investimentos em genética, inseminação artificial e melhor manejo reprodutivo. Essas estratégias são essenciais para recuperar a capacidade produtiva do rebanho.

Além disso, o avanço tecnológico no campo, com ferramentas de monitoramento e gestão de dados, deve auxiliar os produtores a otimizar resultados e enfrentar as oscilações de mercado. Programas de incentivo à pecuária sustentável também podem contribuir para a recomposição do plantel sem comprometer a rentabilidade.

A queda histórica no número de matrizes e bezerros em Mato Grosso marca um momento decisivo para a pecuária nacional. O Estado, líder no setor, precisa adotar medidas estratégicas para reverter a tendência e garantir o abastecimento interno e externo de carne bovina. Enquanto isso, o mercado de reposição segue aquecido, beneficiando criadores que conseguiram manter seus plantéis.

O futuro da pecuária em Mato Grosso dependerá de como produtores, instituições e o próprio mercado irão reagir diante dessa nova realidade. Uma coisa é certa: a valorização do bezerro em 2025 já entrou para a história como uma das mais expressivas dos últimos anos.

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