Reciprocidade: Lula afirma que não tem pressa em aplicar medidas contra os EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que não tem urgência em adotar a Lei da Reciprocidade contra os Estados Unidos, mas reforçou a necessidade de avançar nas negociações comerciais.

Fonte: CenárioMT

Reciprocidade: Lula afirma que não tem pressa em aplicar medidas contra os EUA
Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (29) que não tem pressa em aplicar a Lei da Reciprocidade contra os Estados Unidos, mas ressaltou que o processo precisa avançar para fortalecer a posição do Brasil nas negociações sobre o tarifaço de 50% imposto pelos norte-americanos.

A legislação foi aprovada pelo Congresso e sancionada em abril. Com a autorização de Lula, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) iniciou os procedimentos, incluindo a notificação oficial aos EUA sobre possíveis medidas de resposta do Brasil.

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“Eu não tenho pressa de fazer qualquer coisa com a reciprocidade contra os Estados Unidos. Tomei a medida porque o processo precisa andar”, disse o presidente em entrevista à Rádio Itatiaia, em Belo Horizonte.

A lei estabelece mecanismos para que o Brasil reaja a ações unilaterais de outros países, como as sobretaxas aplicadas por Washington. Lula ressaltou que, seguindo o trâmite da Organização Mundial do Comércio (OMC), as tratativas poderiam demorar até um ano. Por isso, o governo já apresentou a queixa à entidade, enquanto mantém aberta a possibilidade de diálogo direto com os EUA.

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O tarifaço faz parte da política comercial da gestão de Donald Trump, que visa recuperar competitividade frente à China. Inicialmente, o Brasil foi alvo de uma taxa de 10% em abril, mas, em agosto, foi adicionada uma sobretaxa de 40%, elevando para 50% o imposto sobre 35,6% das exportações brasileiras. A decisão ocorreu em meio a tensões políticas e críticas do governo norte-americano sobre decisões internas do Brasil.

Lula afirmou que o país está disposto a negociar “24 horas por dia” se houver abertura do governo norte-americano, mas destacou que as autoridades brasileiras têm enfrentado resistência para avançar no diálogo. O vice-presidente Geraldo Alckmin, junto com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), lidera a missão diplomática.

“Até agora nós não conseguimos falar com ninguém […]. Então eles não estão dispostos a negociar. Se o Trump quiser negociar, o Lulinha paz e amor está de volta”, afirmou, descartando a possibilidade de ligar diretamente para o presidente dos EUA.

Crime organizado

Durante a entrevista, Lula também comentou sobre as operações policiais que investigam o crime organizado no setor de combustíveis, envolvendo esquemas de lavagem de dinheiro ligados ao narcotráfico. O presidente classificou a ofensiva como “a operação mais importante da história” por mirar nos agentes de maior influência.

“O crime organizado hoje é uma coisa muito sofisticada, porque ele está na política, no futebol, na Justiça, ele está em tudo. É um braço internacional muito poderoso”, disse Lula.

As investigações revelaram um esquema que usava fundos de investimentos e fintechs para ocultar patrimônio ilícito. A Justiça Federal autorizou o bloqueio de bens e valores de até R$ 1,2 bilhão, além do sequestro de fundos dos envolvidos.

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Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.