O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que as operações da Polícia Federal e do Ministério Público em São Paulo nesta quinta-feira representam apenas a “ponta do iceberg”.
Em entrevista ao programa Voz do Brasil, Lewandowski destacou a necessidade de investigar todos os níveis hierárquicos das organizações criminosas envolvidas.
“Nós descobrimos a ponta desse iceberg e vamos agora descobrir a base”, disse o ministro.
As investigações revelaram conexões entre o crime organizado, o setor financeiro e empresas de combustíveis. O dinheiro oriundo da exploração ilegal era lavado por meio de fintechs e fundos financeiros. Lewandowski ressaltou que essas ações evidenciam a migração do crime da ilegalidade para a legalidade.
Formas de repressão
“Os instrumentos tradicionais de combate à criminalidade não eram suficientes para enfrentar esse fenômeno, que envolve análises financeiras, contábeis e fiscais”, explicou o ministro.
Ele lembrou que, no início do ano, o ministério criou um núcleo especializado para uma visão mais ampla da atuação do crime organizado em diversos setores.
Atividade integrada
“Adotamos um enfoque multissetorial e multidisciplinar para investigar a infiltração do crime no setor de combustível, indo além da repressão física”, afirmou Lewandowski.
Outro objetivo foi mapear a lavagem de dinheiro, com a participação da Receita Federal na identificação da origem dos recursos.
“Foram operações planejadas com grande esforço e que resultaram em avanços significativos”, avaliou o ministro.
Movimentações ilícitas
Foram cumpridos quase 400 mandados judiciais, segundo Lewandowski.
“Descobrimos R$ 140 bilhões em movimentações ilícitas e bloqueamos mais de R$ 3,2 bilhões em bens e valores”, informou.
Ao todo, 14 pessoas foram presas. As operações Quasar, Tanque e Carbono Oculto permitiram penetrar no núcleo das atividades ilícitas no setor de combustíveis.
Postos envolvidos
As investigações apontaram adulteração de combustível, desvio de metanol de refinarias e lavagem de dinheiro. Mais de mil postos de gasolina foram identificados como parte do esquema.
Novas operações são esperadas com base nos documentos apreendidos, adiantou o ministro.