Com foco na prevenção à violência de gênero entre jovens em idade escolar, o Ministério Público de Mato Grosso lança nesta quinta-feira, 28, o projeto FloreSer. O objetivo é promover relações afetivas saudáveis, igualitárias e livres de qualquer forma de violência.
O evento acontecerá no auditório da sede da Promotorias de Justiça, a partir das 08h30, com o lançamento do projeto FloreSer e apresentação da peça teatral Re-Cortes, da companhia Vastraz de Teatro.
O projeto vai atuar diretamente com estudantes do Ensino Médio de Cuiabá dos 1º e 2º anos. A escola Padre João Panarotto, no bairro CPA IV, será a primeira unidade estadual de educação a receber as rodas de conversas no dia 29 de agosto, marcando o início das atividades que deverão contemplar 11 escolas com turmas de 1º e 2º anos no município de Cuiabá, impactando de forma direta e indiretamente 2.500 alunos até dezembro de 2026.
O projeto idealizado pelo Núcleo das Promotorias de Enfrentamento da Violência Doméstica e Familiar – Espaço Caliandra, se destaca como uma estratégia educativa para combater a violência contra mulheres e meninas, atuando de forma preventiva na rede estadual de ensino.
A promotora da 15ª Promotoria de Justiça, Claire Vogel Dutra, coordenadora do Núcleo, informou que a ideia de trabalhar com os adolescentes é uma necessidade atual e urgente, diante do aumento da violência de gênero. “A proposta é atuar junto aos jovens para que desenvolvam uma mentalidade diferente desde cedo e, assim, possamos, no futuro, contribuir para a redução dos índices de violência contra as mulheres”, disse.
As atividades serão desenvolvidas pela equipe multiprofissional do Espaço Caliandra, composta por psicóloga, assistente social e jurídica, apoio e colaboração de outros profissionais do Ministério Público e parceiros como a Secretaria Estadual de Educação e a TV Centro América.
“A equipe do Ministério Público vai percorrer essas escolas e promover rodas de conversas com esses jovens. A ideia é ouvir, fazer com que os alunos participem dos temas e, desta forma, possamos entender o que está acontecendo nessas famílias.
Assim, poderemos trabalhar e atuar diretamente para mudar essa cultura da violência”, explicou Claire.
Dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MFB) mostram que adolescentes menores de 17 anos foram vítimas em quase 7% dos casos de violência doméstica registrados em 2023 e 2024, sendo que parte significativa dos agressores também eram adolescentes.
“Esses números evidenciam a importância de atuar preventivamente ainda no período escolar, fomentando relações saudáveis e igualitárias desde cedo”, destaca a assistente social do Espaço Caliandra, e gerente do projeto, Itana Lua Silva Santana.
Para o procurador de Justiça, titular da Procuradoria de Justiça Especializada na Defesa da Criança e do Adolescente, Paulo Roberto Jorge do Prado, “é fundamental unir forças no enfrentamento à violência doméstica contra a mulher”.
Segundo ele, a peça teatral Re-cortes, encenada pela Companhia Vostraz de Teatro, especialmente para o projeto A Prevenção Começa na Escola, destaca a iniciativa do Ministério Público em dialogar com a sociedade, em especial com crianças e adolescentes, sobre temas tão sensíveis e urgentes.
“Nesse dia, também estaremos lançando oficialmente a peça teatral Re-cortes, uma parceria da Procuradoria Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente com a Companhia Vostraz de Teatro. A peça retrata a violência doméstica e familiar praticada contra adolescentes e contra mulheres.”
Fundamentação – O projeto está fundamentado em três marcos legais, a Lei Maria da Penha (11.340/2006), que estabelece como dever do poder público desenvolver ações educativas, inclusive nas escolas, para prevenir e erradicar a violência doméstica e familiar contra a mulher; a Lei 14.164/2021, que reforça a inclusão da prevenção da violência contra a mulher nos currículos da educação básica, e a Lei Henry Borel (Lei nº 14.344/2022), que institui o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Com base nesses instrumentos legais, o projeto foi estruturado no formato de rodas de conversas com grupos de estudantes sobre temas relacionados a violência doméstica no âmbito das relações afetivas, relacionamentos saudáveis, direitos das meninas e mulheres, dentre outros temas abordados juntos aos estudantes, que terão espaço para compartilhar vivências e refletirem coletivamente as temáticas.
Nome FloreSer – o nome do projeto é uma junção das palavras Flor + Ser. A flor é um símbolo já utilizado pelo Núcleo das Promotorias e nomeia o Espaço e Observatório Caliandra, e correlaciona com à mulher, sua beleza, vulnerabilidades e resistências. O Ser representa o jovem que está em fase de desenvolvimento, crescimento e florescimento de crianças e adolescentes como pessoas e cidadãos.
