Mais de 180 países devem apresentar suas metas climáticas atualizadas antes da COP30, que será realizada em novembro em Belém, segundo o diretor global da NDC Partnership, Pablo Vieira. Ele destacou que, apesar dos avanços, cerca de 80% das nações ainda não cumpriram o prazo de atualização de seus compromissos.
As metas, chamadas de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), são instrumentos definidos no Acordo de Paris para limitar o aquecimento global a 1,5 °C. Vieira explicou que os atrasos refletem a busca por propostas mais realistas e viáveis, mas alertou para os desafios de implementação, especialmente em países em desenvolvimento.
A Rio Climate Action Week, aberta no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, reúne mais de 200 eventos até o fim de agosto, envolvendo governos, sociedade civil e iniciativa privada. O encontro tem como objetivo acelerar a cooperação internacional em torno da crise climática.
O cientista Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico para a Amazônia, reforçou que a floresta está próxima do ponto de não retorno. Ele citou secas severas registradas nos últimos anos e alertou que, caso o desmatamento continue e a temperatura global ultrapasse 2 °C, até 70% da Amazônia pode se transformar em savana até o fim do século, liberando bilhões de toneladas de carbono na atmosfera.
Também participou da abertura a cientista social e antropóloga Taily Terena, integrante do Conselho Nacional de Mulheres Indígenas. Representante do povo Terena, ela relatou os impactos da crise climática na Amazônia e no Pantanal, onde incêndios e secas vêm comprometendo a disponibilidade de água e a sobrevivência de espécies.
Taily ressaltou que a realização da COP30 no Brasil amplia a responsabilidade do país diante do mundo e defendeu maior pressão da sociedade civil sobre governos e empresas para que medidas de proteção ambiental sejam efetivamente implementadas.