O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a postura dos países ricos frente à crise climática e pediu que acordos da ONU, incluindo os financeiros, sejam cumpridos com seriedade. A declaração ocorreu durante encontro de líderes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), em Bogotá, Colômbia.
Lula busca unir os países amazônicos para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) e garantir apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que será lançado em Belém (PA) em novembro. O fundo terá como objetivo financiar a preservação de biomas florestais presentes em cerca de 70 países, essenciais para a regulação das chuvas e a captura de carbono.
“Em toda COP que a gente vai, se toma muitas decisões e depois elas não são executadas. Poucos países se esforçam para cumprir os compromissos, e outros ignoram completamente os acordos”, criticou Lula.
O presidente também defendeu uma nova governança mundial, propondo a criação de um conselho de clima na ONU capaz de mobilizar países a efetivar seus compromissos climáticos.
Financiamento
Lula exigiu que os países mais ricos ofereçam um financiamento mais robusto que vá além dos US$ 300 milhões anuais prometidos na COP29, em Baku, Azerbaijão. Ele destacou que a preservação da floresta depende do apoio financeiro global e que promessas isoladas não são suficientes.
“Toda vez que alguém tenta me convencer que tem dinheiro para resolver esse problema, eu me pergunto: ‘Eu quero ver quem vai dar o dinheiro’. Promessas não resolvem a questão”, afirmou, cobrando também metas ambiciosas de redução de gases de efeito estufa.
Lula reforçou que, mesmo com esforços locais, a Amazônia permanecerá em risco se outros países não reduzirem suas emissões.
Soberania
Em reunião com entidades indígenas e da sociedade civil, o presidente destacou a importância de considerar as populações locais ao propor soluções para a Amazônia, incluindo indígenas, pescadores, extrativistas e pequenos agricultores.
“Precisamos manter a floresta em pé e proteger os trabalhadores e indígenas que vivem nela. Essa é a prioridade da COP30”, afirmou.
Lula reforçou que a COP ocorrerá na própria Amazônia para que líderes internacionais conheçam de perto a situação dos biomas, rios e comunidades locais.
O presidente também criticou ações dos EUA na região do Caribe, alegando que o envio de navios de guerra à costa da Venezuela serve de pretexto para violar a soberania dos países latino-americanos.
“Países ricos nos acusam de não cuidar da floresta enquanto impõem modelos e justificativas que não nos servem. É hora de mostrar ao mundo a realidade da Amazônia, que é feita de árvores e de gente”, declarou.
Crime organizado
Lula anunciou que convidará presidentes de países amazônicos para a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, em Manaus (AM), no dia 9 de setembro, ressaltando que a preservação ambiental também passa pelo combate ao crime organizado.
“O povo amazônico merece viver livre da violência, que destrói a floresta, polui as águas e ameaça o sustento das comunidades locais, como aconteceu com Chico Mendes, Dorothy Stang, Bruno Pereira e Dom Phillips”, completou.