O ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou ajuda ao advogado norte-americano Martin Luca, associado ao ex-presidente Donald Trump, para se manifestar sobre o tarifaço que impactou exportações brasileiras. Luca é representante das redes sociais Rumble e Trump Media nos Estados Unidos.
Essa comunicação faz parte do relatório que resultou no indiciamento de Bolsonaro e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no caso das sanções norte-americanas. Durante a investigação, a Polícia Federal apreendeu o celular do ex-presidente.
Em mensagens captadas, Bolsonaro pediu orientação para elaborar uma nota e divulgá-la em suas redes sociais.
“Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito pô, fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin”, disse Bolsonaro, em mensagem de áudio.
Martin respondeu sugerindo que Bolsonaro “melhorasse a comunicação em relação ao tarifaço”.
O relatório da PF indicou que Bolsonaro atuava de forma subordinada a interesses de agentes estrangeiros.
“O áudio atribuído a Jair Bolsonaro demonstra que o ex-presidente atua de forma subordinada a interesses de agentes estrangeiros, em alinhamento previamente condicionado ao atendimento de pretensões dissociadas ao interesse nacional, direcionadas a vulnerar a independência dos poderes constituídos, especialmente o poder Judiciário, por meio de atos de coação ao seu órgão de cúpula, e a soberania nacional”, afirma o documento.
Defesa
A defesa de Bolsonaro afirmou ter sido surpreendida com o indiciamento e garantiu que prestará esclarecimentos solicitados pelo ministro Alexandre de Moraes.
Pelas redes sociais, Martin Luca criticou a decisão de Moraes e declarou que seu trabalho envolve orientação jurídica e de comunicação.
“Por essa lógica, qualquer político que consulte um advogado está conspirando para derrubar a democracia”, disse Luca.