Exportação de Soja de Mato Grosso à China Cresce com Briga Tarifária entre EUA e China

Fonte: CenárioMT

Exportações batem R$ 3 bilhões e soja lidera em Nova Mutum/MT
Exportações batem R$ 3 bilhões e soja lidera em Nova Mutum/MT - Foto: CenárioMT

Com a relação comercial ‘estremecida’ entre os Estados Unidos e a China, a soja brasileira, e em especial a de Mato Grosso, tem se tornado a prioridade dos chineses, dando sinais de crescimento significativo. Essa mudança no mercado global já beneficia diretamente a cadeia produtiva em nosso estado.

A exportação de soja de Mato Grosso para a China já mostra um crescimento expressivo para o segundo semestre, um movimento que o mercado agrícola de Lucas do Rio Verde e toda a região já esperava. Segundo Jean Carlo Budziak, da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), o Brasil é visto como um fornecedor estável, ao contrário dos Estados Unidos.

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“Esse movimento já vem direcionando maiores volumes da oleaginosa brasileira aos portos chineses e deve se intensificar nos próximos meses”, explica Budziak.

Ontem, produtores de soja dos EUA enviaram uma nota a Donald Trump, alegando que a guerra tarifária inviabiliza suas vendas e favorece a soja brasileira. “A safra dos Estados Unidos está prestes a ser colhida, e os produtores locais têm pressionado o governo”, comenta Budziak.

O diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Diego Bertuol, que está nos EUA, confirma a estagnação nas vendas americanas. “Desde maio, a China não compra soja americana. Isso faz um alerta para eles, e, no Brasil, nós vemos que a China está comprando mais”, revela.

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O Mato Grosso, maior estado produtor do país, sente esse impacto diretamente. Bertuol afirma que, só nos primeiros 20 dias de agosto, as exportações de soja de Mato Grosso para a China cresceram 15% em relação ao mesmo período do ano passado.

O panorama global e a vantagem de Mato Grosso

O Brasil já é o principal exportador de soja para a China, mas a briga comercial entre EUA e China acentua ainda mais a importância do nosso mercado. Tradicionalmente, por causa das safras, a China importa mais do Brasil no primeiro semestre e dos EUA no segundo. Agora, a guerra tarifária mudou esse padrão.

No acumulado deste ano (janeiro a julho), a China já é responsável por 77% das exportações totais de soja do Brasil. A tendência é que esse volume continue a crescer, à medida que a China busca fontes confiáveis para substituir a oferta americana.

Segundo Diego Bertuol, para conseguir a quantidade de grãos necessária, a China terá que competir com outros mercados. “Consequentemente, a China vai ter que brigar com outros compradores. Se ela quiser, vai ter que pagar mais para conseguir levar essa soja que não vai sair dos EUA”, reflete.

Essa dinâmica de mercado pode significar um aumento na demanda e nos preços para a produção de grãos de Mato Grosso, incluindo a de cidades como Lucas do Rio Verde, que desempenham um papel central na economia agrícola do estado.

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Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.