Reflorestamento na Baía de Guanabara traz de volta espécies ameaçadas

Manguezais da Área de Proteção Ambiental de Guapi-Mirim registram retorno de aves, crustáceos e mamíferos, indicando recuperação ambiental.

Fonte: CenárioMT

Reflorestamento na Baía de Guanabara traz de volta espécies ameaçadas
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-Mirim, na região metropolitana do Rio de Janeiro, voltou a receber a presença de diversas espécies que não eram vistas há anos. Aves, caranguejos, aranhas e borboletas retornam aos manguezais da Baía de Guanabara, refletindo sinais claros de regeneração ambiental.

O Projeto Uçá, realizado pela ONG Guardiões do Mar em parceria com a Petrobras, monitora a biodiversidade, solo e água da região desde 2022, registrando o crescimento da fauna e flora locais. Segundo os responsáveis, o retorno dos animais evidencia aumento de biodiversidade e equilíbrio do ecossistema. O caranguejo-uçá, por exemplo, depende das árvores para locomoção, e a presença das borboletas está diretamente ligada ao crescimento dos mangues.

Além desses, observam-se com mais frequência capivaras, tamanduás-mirins, quatis e garças. Até o momento, foram registradas 62 espécies de aves, mamíferos e crustáceos, incluindo predadores do topo da cadeia alimentar, como a garça-azul e o mamífero mão-pelada.

O reflorestamento começou entre 2015 e 2016 e as árvores já atingem alturas entre 8 e 10 metros, demonstrando a eficácia da recuperação. O acompanhamento das aves é um dos pilares técnicos para avaliar a regeneração, utilizando registros fotográficos, auditivos e câmeras teleobjetivas. Algumas espécies raras, como a figuinha-do-mangue, foram novamente avistadas.

Saberes tradicionais

O Projeto Uçá aplicou técnicas baseadas no conhecimento tradicional local, como o transplantio direto das mudas, reduzindo perdas para menos de 6%. Segundo Pedro Belga, presidente da ONG, o reflorestamento também favorece a economia local, permitindo a captura sustentável de caranguejos, importante fonte de renda para comunidades tradicionais.

“O verdadeiro sucesso da restauração depende da participação das comunidades tradicionais e do fortalecimento de quem vive em áreas impactadas. São eles os maiores defensores do território”, disse Pedro Belga.

Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.