O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, reforçou nesta terça-feira (12) que a crise climática representa o maior desafio que a humanidade já enfrentou, alertando para a falta de compreensão global sobre sua gravidade. Ele participou do evento “Mudança Climática, Desenvolvimento Sustentável e Democracia”, promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.
Al Gore explicou que os extremos de temperatura e os desastres naturais recentes são sintomas claros dessa crise. Ele citou como exemplos a temperatura de 44ºC em São Paulo em fevereiro, os 50ºC registrados em Bagdá que levaram ao colapso da rede elétrica, as enchentes fatais e a chuva intensa que atingiu o Rio Grande do Sul no ano passado.
“A gravidade desta crise climática ainda não é totalmente compreendida por um número grande de pessoas. É o desafio mais sério que a humanidade já enfrentou”, afirmou o ex-vice-presidente.
Segundo ele, apesar das más notícias serem frequentes, iniciativas positivas podem transformar o cenário atual. Al Gore destacou a importância da liderança brasileira na COP30, que será estratégica para promover acordos globais e reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
O ex-vice-presidente também elogiou a inovação brasileira do Global Ethical Stocktake (Balanço Ético Global), proposta liderada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que busca dar maior voz à sociedade civil nas decisões climáticas.
Essa iniciativa prevê a realização de eventos intercontinentais independentes, reunindo líderes sociais, culturais, empresariais, científicos e políticos, para criar uma síntese global que será apresentada na COP30.
Crítica ao tarifaço de Trump
Al Gore aproveitou para criticar as tarifas de 50% impostas pelo governo Donald Trump a produtos brasileiros, justificadas por supostas perseguições a empresas americanas e ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O democrata ressaltou o histórico positivo da relação entre Brasil e Estados Unidos e pediu desculpas pelas ações do governo Trump.
“A relação entre Brasil e Estados Unidos não deve ser vista pelas lentes de Trump, Bolsonaro ou seus apoiadores. O povo dos EUA e do Brasil tem uma relação longa e mutuamente benéfica, que continuará independentemente dos acontecimentos”, declarou.
“Embora seja tradição não criticar o presidente do próprio país quando no exterior, peço desculpas pelas ações de Trump. São tempos perigosos não só nos EUA”, complementou Al Gore.