O embaixador Celso Amorim, assessor especial para Assuntos Internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que a diversificação comercial é fundamental para a independência do Brasil diante da pressão dos Estados Unidos. Segundo ele, a Casa Branca busca desestabilizar governos progressistas na América Latina, tentando manter a região sob sua influência.
Amorim classificou como um “estado de quase guerra” a postura do governo Donald Trump, citando medidas como a suposta exigência de aumento das compras de soja da China, que poderiam prejudicar as exportações brasileiras. Ele ressaltou que esse comportamento reforça a necessidade de ampliar parcerias com países da África, União Europeia, Mercosul e Ásia, sem viés ideológico.
O diplomata também criticou a reinterpretação da Doutrina Monroe pelos estrategistas norte-americanos, defendendo que o Brasil não aceite ser tratado como parte do “quintal” dos EUA. Para ele, o cenário atual, marcado pelo enfraquecimento do multilateralismo, exige que o país diversifique suas relações comerciais para proteger sua soberania.
Amorim apontou ainda desafios na integração latino-americana, agravados pelo avanço da extrema-direita e pela dependência econômica de alguns países em relação aos EUA. Ele defendeu a retomada de mecanismos como o Conselho Sul-Americano de Saúde e o Conselho Sul-Americano de Defesa, destacando o papel do Consenso de Brasília na reaproximação regional.
Sobre a desdolarização, uma proposta do Brics, Amorim avaliou que o uso de moedas locais no comércio internacional é inevitável diante da transformação da ordem econômica global. Ele rejeitou acusações de que o governo seja antiamericano, mas criticou a mentalidade de dependência que, segundo ele, compromete a dignidade nacional.