A terceira safra de feijão elevou a disponibilidade do grão no mercado, especialmente nas regiões produtoras de Goiás e Minas Gerais, mas a comercialização segue em ritmo lento, segundo análises do Cepea. Os empacotadores, privilegiando lotes de melhor qualidade, têm feito reposições graduais, o que mantém a pressão baixista sobre as cotações.
Os números revelam um cenário de abundância: dados da Secex mostram que o Brasil exportou 438,69 mil toneladas de feijão entre agosto de 2024 e julho de 2025, com destaque para julho, quando foram embarcadas 83,44 mil toneladas. As importações, por outro lado, ficaram em apenas 16,5 mil toneladas no mesmo período, reforçando o excedente interno.
A combinação entre oferta elevada e demanda seletiva tem impactado diretamente os preços, que recuaram na maioria das regiões monitoradas. Os compradores, privilegiando grãos com melhor classificação, impõem um filtro de qualidade que acaba por segmentar o mercado – enquanto os lotes premium mantêm relativa estabilidade, os produtos com padrão inferior enfrentam maior resistência.
O comportamento cauteloso dos empacotadores, que evitam formar estoques elevados neste momento de safra cheia, sugere que a pressão sobre os preços deve se manter no curto prazo. Enquanto isso, o volume expressivo de exportações ajuda a escoar parte da produção, mas não suficiente para reequilibrar o mercado doméstico.
Para os produtores, o desafio atual está em conciliar os custos de produção com preços que, em muitas regiões, já operam em patamares pouco atrativos. A atenção agora se volta para a evolução da demanda interna e para o desempenho das exportações nos próximos meses, fatores que poderão definir novos rumos para as cotações do grão.