A disponibilidade de mandioca para a indústria apresentou retração na última semana, segundo levantamentos do Cepea, em um movimento influenciado tanto pelas condições climáticas quanto pela redução na colheita por parte de produtores com lavouras de primeiro ciclo (até 12 meses), que enfrentam margens apertadas.
Os números revelam um mercado em ajuste: entre os dias 4 e 8 de agosto, a média do preço da tonelada de mandioca posta fecularia ficou em R$ 458,06, equivalente a R$ 0,7966 por grama de amido, registrando discreta queda de 0,5% em relação à semana anterior. Quando comparado ao mesmo período de 2023, o recuo chega a expressivos 9,8% em termos reais, considerando a correção pelo IGP-DI.
As chuvas recentes aparecem como um dos fatores limitantes da oferta, mas especialistas destacam que o principal motivador da escassez atual está na decisão estratégica dos produtores. Com a rentabilidade comprometida, muitos agricultores que trabalham exclusivamente com lavouras de ciclo curto optaram por reduzir a colheita, concentrando-se em esperar melhores condições de mercado.
Esse movimento de contenção por parte dos ofertantes acabou por amortecer a queda nos preços, que poderia ter sido mais acentuada diante do cenário atual. A indústria de fécula, por sua vez, mantém postura cautelosa nas compras, equilibrando a necessidade de matéria-prima com a gestão de custos em um ambiente econômico desafiador.
O mercado segue atento à evolução das lavouras de ciclo mais longo e ao comportamento da demanda nos próximos meses, fatores que devem ditar os rumos dos preços no médio prazo. Enquanto isso, os produtores de mandioca se veem diante do dilema entre colher com margens reduzidas ou aguardar por possíveis valorizações futuras – decisão que varia conforme a estrutura de custos e necessidade de caixa de cada propriedade.