Chagas: projeto leva diagnóstico e tratamento para perto dos pacientes

Iniciativa em Pernambuco aposta na descentralização para ampliar diagnósticos e garantir adesão ao tratamento contra a doença de Chagas.

Fonte: CenárioMT

Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2025 – Testes rápidos para diagnóstico de doença de Chagas produzidos por Bio-Manguinhos/Fiocruz, exibidas no 9º Simpósio Internacional de Imunobiológicos. Foto: Fernando Fr
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Um protocolo inédito para controle da doença de Chagas está em teste no Sertão do Pajeú, região de alta incidência da enfermidade em Pernambuco. A estratégia central é descentralizar o atendimento, permitindo que pacientes recebam diagnóstico e tratamento em seus próprios municípios, sem necessidade de deslocamento até centros de referência, como a Casa de Chagas, no Recife.

A doença, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida principalmente pelo barbeiro, é silenciosa na fase inicial e pode evoluir para complicações cardíacas graves. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 4,5 mil pessoas morrem por ano no Brasil em decorrência da enfermidade. Dados da Organização Panamericana da Saúde indicam que menos de 10% dos infectados nas Américas recebem diagnóstico e menos de 1% iniciam o tratamento.

O projeto-piloto, batizado de “Quem tem Chagas, tem pressa”, realizou capacitações e testes rápidos em Triunfo e Serra Talhada. Dos mil exames aplicados, 9% tiveram resultado positivo, índice acima da média nacional, que varia de 2% a 5%. Os testes rápidos, produzidos pela Fiocruz, fornecem resultados em minutos, agilizando o início do acompanhamento médico. Os casos confirmados ainda passam por sorologia para validação.

Em setembro, inicia-se a fase de tratamento próximo à residência dos pacientes. O médico Wilson Oliveira, coordenador do projeto, destaca que a proximidade é essencial para garantir adesão ao uso de medicamentos por 60 dias. A meta é reduzir diagnósticos tardios e evitar deslocamentos de até 800 quilômetros.

A iniciativa também chama atenção para a natureza negligenciada da doença, associada a condições precárias de moradia e vulnerabilidade social. Histórias como a do agricultor Roberto Barbosa, diagnosticado tardiamente e hoje dependente de marcapasso, reforçam a urgência de ampliar o acesso ao diagnóstico precoce.

O programa conta com parceria da Novartis Brasil, que vê potencial para replicar o modelo em outras áreas endêmicas, fortalecendo a atenção primária e promovendo equidade no cuidado.

Gabriela Cordeiro Revirth, independente jornalista e escritora, é uma pesquisadora apaixonada de astrologia, filmes, curiosidades. Ela escreve diariamente para o Portal de Notícias CenárioMT para partilhar as suas descobertas e orientar outras pessoas sobre esses assuntos. A autora está sempre à procura de novas descobertas para se manter atualizada.