Uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro desarticulou um esquema de transporte ilegal imposto por traficantes da comunidade Vila Kennedy, na zona oeste da capital. Os criminosos criaram um aplicativo de mobilidade que era de uso obrigatório para mototaxistas da região, com o objetivo de arrecadar recursos para financiar atividades da facção.
Segundo as investigações, mais de 300 mototaxistas estavam cadastrados no sistema. A operação, batizada de Rota das Sombras, cumpriu sete mandados de prisão temporária e 12 de busca e apreensão em residências e estabelecimentos comerciais suspeitos de funcionar como fachada para o esquema.
O lucro mensal da organização criminosa pode ter chegado a R$ 1 milhão. Empresas fictícias eram utilizadas para mascarar as transações financeiras e conferir aparente legalidade ao aplicativo.
A polícia detalhou que o funcionamento do sistema estava dividido em duas frentes: uma baseada em coerção, com ameaças e extorsões para obrigar os mototaxistas a usar o app, e outra voltada à gestão dos valores arrecadados, que eram repassados ao chefe do tráfico local.
A facção responsável pela iniciativa domina a Vila Kennedy e é considerada a maior do estado. A comunidade, que abriga cerca de 20 mil moradores, obteve status oficial de bairro há menos de dez anos.
Casos como esse não são isolados. Em diversas comunidades do Rio de Janeiro, há registros frequentes de motoristas de aplicativos impedidos de circular por áreas controladas por criminosos, além da instalação de barricadas ilegais que restringem o acesso de veículos.
