O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, demonstrou preocupação com a escalada dos preços de hospedagem em Belém (PA), sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Segundo ele, os custos elevados podem comprometer a presença de representantes da sociedade civil e delegações de países menos desenvolvidos.
Durante audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, Corrêa do Lago alertou que a legitimidade do evento pode ser questionada caso esses grupos não consigam participar. “Se os países dizem que não podem vir, aí você já está afetando a negociação”, destacou.
Delegações de várias nações, inclusive de países ricos, têm expressado preocupação com as tarifas. O embaixador revelou que, em Belém, os preços das diárias estão até 15 vezes mais altos do que o normal. Como exemplo, mencionou a desistência do presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, de comparecer à conferência por conta dos custos.
Segundo o diplomata, as questões estruturais e logísticas da COP30 estão sob responsabilidade da Secretaria Extraordinária da COP30 (Secop), vinculada à Casa Civil. Ele reforçou o desejo de que o evento seja “muito inclusivo”, com ampla participação da sociedade civil, setor acadêmico e empresarial.
A Secop e o governo do Pará estão buscando alternativas legais para conter os abusos, embora a legislação brasileira permita liberdade nos preços de hospedagem. Uma das estratégias em andamento envolve diálogo com órgãos de defesa do consumidor.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou que o governo atua para garantir hospedagens a preços justos. Delegações de países menos desenvolvidos contarão com tarifas subsidiadas, variando de US$ 100 a US$ 600, conforme o porte da nação.
No entanto, a ajuda de custo oferecida pela ONU a algumas delegações é de apenas US$ 149 por dia, valor insuficiente diante da média de US$ 700 por noite cobrada na cidade.
Para ampliar a capacidade de hospedagem, o governo federal aposta na chegada de dois navios de cruzeiro, com cerca de 6 mil leitos, e na construção de três novos hotéis de alto padrão. Também há negociações com plataformas como Airbnb e Booking para expandir a oferta.
Com expectativa de receber 45 mil participantes, Belém terá um legado positivo em infraestrutura e saneamento, segundo Corrêa do Lago, que reafirmou a decisão de manter a cidade como sede. “Não há plano B, o plano B é B de Belém”, declarou.