A três meses da realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém (PA), a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, cobrou das nações desenvolvidas o cumprimento dos compromissos assumidos no Acordo de Paris, firmado em 2015 durante a COP21.
“Não se trata apenas de cobrar o governo brasileiro. A COP é um evento das Nações Unidas que reúne 198 países, e todos devem assumir compromissos conjuntos”, afirmou Guajajara em entrevista nesta quarta-feira (6).
Durante sua participação no programa Bom Dia, Ministra, ela destacou que a principal proposta dos povos indígenas para a COP30 é o reconhecimento dos territórios tradicionais como ferramenta essencial para combater as mudanças climáticas. Segundo a ministra, essas áreas são comprovadamente as mais preservadas do planeta.
“Os territórios indígenas têm a maior biodiversidade e são protegidos pelo próprio modo de vida dos povos originários. Propomos que essa proteção seja incorporada nas contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) dos países”, declarou.
Guajajara também comentou sobre críticas aos custos de hospedagem e logística em Belém. Segundo ela, não há qualquer possibilidade de mudança do local da COP30. “Alguns países em desenvolvimento enfrentam dificuldades logísticas, mas isso não ameaça a realização da conferência na capital paraense”, garantiu.
A ministra reforçou a importância da COP30 ser realizada na Amazônia, classificando-a como “a COP da floresta, da participação, da inclusão e da implementação”, em alinhamento com o discurso da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Para preparar a presença indígena no evento, o Ministério dos Povos Indígenas realiza o ciclo Coparente em diversas regiões do país. Já foram realizados encontros no Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Neste mês, as atividades ocorrem no Amazonas, incluindo Manaus, São Gabriel da Cachoeira e o sul do estado, além de Roraima, onde será feita uma inspeção nas ações desenvolvidas no território Yanomami.
Desde 2023, o governo federal executa o programa Kuntari Katu, voltado à formação de líderes indígenas para atuação em negociações internacionais. “Vamos ter indígenas preparados para interagir com os negociadores da COP. São os nossos diplomatas indígenas”, destacou Guajajara, adiantando que novas turmas serão formadas para ampliar essa representação.