A 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) reuniu cerca de 34 mil pessoas entre os dias 30 de julho e 3 de agosto, em uma homenagem ao poeta Paulo Leminski. O número representa um aumento de 10% em relação ao público registrado em 2024.
A abertura contou com Arnaldo Antunes no palco principal, relembrando a trajetória do homenageado. Leminski, figura central da literatura brasileira contemporânea, foi destacado por sua versatilidade como poeta, tradutor, músico e pensador.
As filhas do autor, Estrela e Áurea Ruiz Leminski, participaram ativamente da programação. Estrela compartilhou experiências familiares e apresentou seu romance Quando a inocência morreu, enquanto Áurea, presidente do Instituto Paulo Leminski, destacou o trabalho de preservação e divulgação da obra do pai.
A poeta Alice Ruiz, ex-companheira de Leminski, também foi presença marcante nas atividades. O público acompanhou leituras emocionadas de trechos literários que reforçaram a força poética do autor curitibano.
Um dos momentos mais simbólicos foi a leitura do conto Do lado de cá da fronteira, de Carolina Panta, vencedora do concurso literário Casa Flip+Motiva, inspirado na obra de Leminski. A iniciativa recebeu mais de 300 contos, todos baseados no poema V, de viagem.
No balanço geral, o evento contou com 21 mesas principais, reunindo 36 escritores brasileiros e estrangeiros, além de iniciativas paralelas como Flipinha, Flipzona e FlipEduca. A presença da ministra Marina Silva foi um dos pontos altos da edição, com debates sobre meio ambiente e políticas públicas.
Entre as participações de destaque estiveram também Gregorio Duvivier, Ilan Pappe, Nei Lopes e Rosa Montero. O historiador israelense Ilan Pappe provocou reflexões intensas ao discutir o conflito israelo-palestino sob a perspectiva do colonialismo de assentamento.
Marina Silva alertou para os impactos do Projeto de Lei 2.159/21 sobre o licenciamento ambiental. Segundo a ministra, a proposta aprovada no Congresso ameaça os esforços de preservação ambiental no país.
A Flip 2025 contou com um aumento no número de Casas Parceiras, passando de 29 para 35. A Praça Aberta, na margem do Rio Perequê-açu, reuniu mais de 140 autores e editoras independentes em diálogo com coletivos da região de Paraty.
Com mesas lotadas e forte adesão do público, a Flip reafirmou seu papel como um dos principais eventos literários do país, celebrando a literatura como instrumento de memória, identidade e transformação.