Um artigo publicado pela Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso) traz um alerta sério da professora e pesquisadora Solange Ikeda Castrillon sobre os impactos da crise climática em Mato Grosso. Segundo a especialista, o estado enfrenta um cenário alarmante, com verões mais longos e secos, chuvas irregulares e rios com volume reduzido, resultados da degradação ambiental acelerada.
A Degradação Ambiental e Seus Efeitos
Solange Ikeda, que é bióloga e doutora em Ecologia, explica que a destruição de florestas e áreas de recarga hídrica intensifica os efeitos do aquecimento global. A ausência de cobertura vegetal compromete o equilíbrio climático, afetando diretamente o regime de chuvas e a disponibilidade de água. A pesquisadora enfatiza que o aumento da temperatura, a diminuição das chuvas e a contaminação da água já são uma preocupação crescente, com consequências generalizadas para a saúde da população.
Como Mato Grosso abriga biomas estratégicos como Amazônia, Cerrado e Pantanal, o avanço do desmatamento coloca em risco o papel do estado na regulação do clima. Dados do Instituto Centro de Vida (ICV) mostram que a maior parte do desmatamento na Amazônia e no Cerrado mato-grossense ocorre de forma ilegal, intensificando o problema.
Consequências para a População
Além dos impactos ambientais, Ikeda alerta que a crise climática ameaça a segurança alimentar. O aumento da temperatura e a falta de chuvas afetam diretamente a agricultura e a pecuária, colocando em risco a produção de alimentos e pastagens. A pesquisadora também critica as decisões políticas que podem enfraquecer a legislação ambiental, como o “PL da Devastação”, pois elas agravam ainda mais a crise ao permitir o enfraquecimento do licenciamento ambiental e a degradação de recursos naturais.
O Caminho da Restauração
Apesar do cenário preocupante, a professora aposta no engajamento popular como uma forma de resistência. Por meio de projetos de restauração ecológica, como o plantio de mudas nativas em Cáceres, ela busca envolver a comunidade, incluindo crianças e pequenos agricultores. Para ela, esses projetos são um “ato de esperança” e mostram que a maioria das pessoas se importa com a natureza. A pesquisadora conclui que, no futuro, a presença de árvores será decisiva para a sobrevivência humana, já que áreas desmatadas e com altas temperaturas não oferecerão conforto térmico nem saúde.