Marina critica PL e defende foco ambiental durante participação na Flip

Ministra Marina Silva alerta sobre riscos do PL do Licenciamento e reforça importância de medidas sustentáveis durante fala na Festa Literária de Paraty.

Fonte: CenárioMT

Paraty (RJ), 01/08/2025 - A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participa da 23ª Festa Literária Internacional de Paraty, no Auditório Matriz. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, foi destaque na 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), na noite de sexta-feira (1º), ao criticar o Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental (PL 2.159/21) e compartilhar aspectos de sua trajetória pessoal.

Durante a mesa ‘O Lugar da Floresta’, a ministra foi calorosamente recebida no Auditório da Matriz, com o público de pé. Enquanto isso, no Auditório da Praça, onde sua participação foi transmitida ao vivo, ela foi aplaudida diversas vezes.

Marina destacou que o licenciamento ambiental é essencial para a proteção dos biomas e manifestou preocupação com as mudanças propostas pelo Congresso. “Não consigo ver como vamos alcançar as metas de redução de CO₂ se o licenciamento for mutilado”, declarou. O projeto aprovado prevê simplificações no processo, novas modalidades de licença e prazos reduzidos.

O texto aguarda sanção presidencial, e o prazo para decisão do presidente Lula é até 8 de agosto. Marina alertou sobre os riscos de descentralização das regras, permitindo que estados e municípios definam critérios distintos. “As leis da natureza não mudam conforme a ideologia do gestor”, disse.

A ministra também ressaltou que o país conseguiu reduzir o desmatamento em 46% na Amazônia, 25% no Cerrado e 77% no Pantanal, e que o desenvolvimento econômico pode coexistir com a preservação ambiental. “O agronegócio cresceu 15% enquanto o desmatamento caiu”, afirmou.

Literatura e formação

Ao ser questionada sobre sua formação e a influência da literatura, Marina relembrou a avó analfabeta que decorava literatura de cordel. Disse que mesmo sendo analfabeta até os 16 anos, a oralidade e as narrativas populares alimentaram seu conhecimento. Relatou com emoção o impacto de uma história de cordel em sua decisão de buscar alfabetização.

Crítica à política atual

Marina avaliou que o país vive um momento distópico, em que a política tem se tornado repetição e perdeu sua função transformadora. Citando Zygmunt Bauman, defendeu a necessidade de rupturas e novos paradigmas.

COP 30 e emergência climática

A ministra defendeu que a COP 30, a ser realizada no Brasil, seja um marco de compromissos concretos entre os países. Ressaltou a importância de financiar ações climáticas em países em desenvolvimento, com um aporte mínimo de US$ 1,3 trilhão.

Criticou o contraste entre a dificuldade de garantir esse financiamento e os investimentos em atividades poluentes. “O mundo continua aplicando trilhões em fontes fósseis”, alertou.

Concluiu defendendo uma transição energética justa e planejada, como resposta às tragédias climáticas já em curso. “Temos que planejar a mudança antes de sermos abruptamente mudados”, afirmou.

Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.