O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que há amplo espaço para cooperação entre Brasil e Estados Unidos, mesmo diante da recente atualização de tarifas impostas por Washington a produtos brasileiros. Em declaração nesta sexta-feira (1º), Haddad destacou que a relação entre os dois países pode ser fortalecida, desde que haja benefícios mútuos.
“Temos que mostrar que o Brasil não está alinhado automaticamente com nenhuma potência. É um país grande demais para isso. Podemos estreitar laços, desde que seja bom para ambos”, disse o ministro, ressaltando que, apesar da concorrência em setores como grãos e carne, existem muitas oportunidades de complementaridade.
Haddad criticou a baixa participação de empresas norte-americanas em licitações brasileiras, mesmo com o crescimento da infraestrutura no país. “Nossa infraestrutura está avançando como há muito tempo não se via. Isso tem sustentado o emprego e a renda. Não há impedimento para uma maior participação dos EUA em nossa economia”, afirmou.
Plano de contingência em elaboração
Segundo o ministro, o governo trabalha nos ajustes finais de um plano de contingência voltado aos setores prejudicados pelas novas tarifas. As medidas estão sendo encaminhadas ao Palácio do Planalto e podem ser anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana.
“Junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin, estamos formatando as primeiras ações. Caberá ao presidente definir o momento e a conveniência do anúncio”, declarou Haddad. Ele enfatizou que o objetivo é proteger a indústria e a agricultura brasileiras.
Demanda interna aquecida
O governo também avalia o volume de recursos necessário para apoiar empresas atingidas, em diálogo com sindicatos e a Casa Civil. “Algumas empresas não precisarão de ajuda adicional, pois conseguiram redirecionar sua produção para o mercado interno, que está aquecido”, pontuou.
Haddad citou como exemplo a visita do governador do Ceará, que buscou apoio para aquisição de gêneros alimentícios destinados à merenda escolar. “Ele deve apresentar uma proposta de mudança legislativa que permita agilidade e respaldo jurídico às ações pretendidas”, disse.
Responsabilidade fiscal mantida
Questionado sobre o financiamento do plano de contingência, Haddad descartou a possibilidade de romper com a meta fiscal. “Nossa proposta não exige recursos fora do marco fiscal. Embora haja abertura do TCU nesse sentido, pretendemos operar dentro dos limites estabelecidos”, assegurou o ministro.
Por fim, ele reforçou que o Brasil continuará atuando diplomaticamente para esclarecer informações equivocadas sobre o funcionamento da democracia no país, buscando minimizar os impactos das sanções impostas.