Montadoras instaladas no Brasil intensificaram a pressão sobre o governo federal em meio à crescente presença da chinesa BYD no mercado nacional. Representadas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Toyota, General Motors, Volkswagem e Stellantis enviaram carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alertando para possíveis riscos aos investimentos e empregos no setor.
Segundo o documento, a proposta da BYD de reduzir temporariamente a tarifa de importação de veículos elétricos ou híbridos desmontados poderia enfraquecer a indústria local. As montadoras argumentam que a medida não representa uma transição produtiva, mas sim a consolidação de um modelo que enfraquece a cadeia nacional.
O texto também afirma que estão previstos R$ 180 bilhões em investimentos no país, que estariam ameaçados com a aprovação do benefício à empresa chinesa.
Em resposta, a BYD afirmou, em nota, que a posição da Anfavea é uma resistência à modernização do mercado automotivo nacional. A empresa classificou as críticas como uma tentativa de preservar modelos antigos de negócios e defendeu a concorrência como fator essencial para democratizar o acesso a veículos elétricos.
O tema será debatido pelo Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Enquanto as montadoras querem antecipar a elevação das tarifas para 2026, a BYD pede isenção temporária até concluir sua fábrica em Camaçari (BA).
Segundo a fabricante, não há lógica em aplicar o mesmo imposto a carros prontos importados e a veículos montados localmente. A empresa argumenta que a prática já foi adotada por concorrentes no passado e que sua fábrica está avançando conforme planejado.
O vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, explicou que o governo estuda ajustar a fase de transição da tarifa. Em 2023, a alíquota para elétricos era zero e começou a subir gradualmente até atingir os 35% aplicados aos demais veículos importados. A intenção do governo é incentivar a fabricação local, como já fizeram outras empresas estrangeiras.
Alckmin afirmou que uma alternativa em estudo é manter cotas de isenção até julho de 2026, atendendo parcialmente aos dois lados. A Camex ainda analisará a proposta, que será decidida por representantes de dez ministérios.