O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (29), em Brasília, que pode haver uma conversa entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Segundo ele, apesar de não haver barreiras nos canais diplomáticos, um encontro entre os chefes de Estado exige preparação prévia.
“É papel nosso, dos ministros, justamente azeitar os canais para que a conversa, quando ocorrer, seja a mais dignificante e edificante possível”, disse Haddad, referindo-se ao trabalho conjunto com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
O ministro defendeu que a preparação para esse possível diálogo deve garantir respeito mútuo, afastando qualquer sentimento de subordinação. Ele também criticou pressões para decisões precipitadas, destacando a importância de uma postura firme e equilibrada por parte do Brasil.
Paralelamente, um grupo de oito senadores brasileiros está em Washington buscando estabelecer um canal de diálogo com congressistas norte-americanos para discutir o aumento tarifário.
Em 9 de julho, o presidente dos EUA enviou uma carta a Lula anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Sinais positivos
Haddad afirmou que já há sinais de interesse e sensibilidade por parte de autoridades norte-americanas para discutir o tema. Empresários relataram ao governo brasileiro que há mais abertura para o diálogo. Mesmo que as tarifas entrem em vigor, o Brasil pretende seguir negociando.
Segundo o ministro, os pontos de vista do Brasil estão ficando mais claros para os EUA, e não há motivos para que a relação amistosa entre os dois países se deteriore.
Alckmin, de acordo com Haddad, tem mantido conversas contínuas com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, buscando avançar no entendimento bilateral.
Medidas de contingência
Enquanto isso, o governo brasileiro já preparou um plano de contingenciamento para mitigar os impactos econômicos do tarifaço. A proposta, elaborada por quatro ministérios, está nas mãos do presidente Lula, que definirá os detalhes da aplicação.
Entre os cenários está a criação de um programa de manutenção do emprego, semelhante ao adotado durante a pandemia de covid-19.
Haddad destacou que o Brasil continuará se posicionando de forma estratégica: “O Brasil vai estar preparado para cuidar das suas empresas, dos seus trabalhadores e, ao mesmo tempo, se manter permanentemente numa mesa de negociação.”