A produção recorde de grãos em Mato Grosso na safra 2024/2025, estimada em 104,91 milhões de toneladas, contrasta com a estrutura de armazenagem disponível no estado, que alcança apenas 52,32 milhões de toneladas em capacidade estática. Com isso, o déficit previsto chega a 52,60 milhões de toneladas, revelando um dos principais gargalos logísticos do setor agropecuário mato-grossense. Esse cenário faz parte de levantamento feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) divulgado nesta segunda-feira (28).
Esse desequilíbrio entre produção e capacidade de armazenagem afeta diretamente o produtor rural. Sem espaço para estocar a colheita, muitos são forçados a escoar parte da produção de forma antecipada, o que reduz o poder de barganha e impede a comercialização em momentos mais estratégicos do mercado, quando os preços poderiam estar mais vantajosos.
A pressão sobre a estrutura de armazenamento se intensifica principalmente entre o fim da colheita da soja e o início do plantio do milho segunda safra, período em que muitas propriedades ainda não conseguiram escoar a produção do primeiro ciclo. Em regiões produtoras com menos acesso a armazéns privados ou cooperativas, o impacto é ainda mais severo.
Além da limitação física, o problema logístico também contribui para o aumento do custo operacional. Com menos autonomia para decidir o momento da venda, o produtor muitas vezes se vê obrigado a aceitar valores abaixo do ideal, o que compromete a rentabilidade e pode afetar o planejamento financeiro da próxima safra.
Especialistas e entidades do setor apontam que é urgente a ampliação da capacidade de armazenagem no estado, seja por meio de políticas públicas de incentivo à construção de armazéns nas propriedades, investimentos em infraestrutura privada ou parcerias estratégicas. A evolução da produção agrícola em Mato Grosso exige soluções compatíveis com a escala e importância do estado como principal produtor nacional de grãos.