Dívida ultrapassa R$ 7,8 trilhões com alta puxada por juros e emissões

Pela primeira vez, a Dívida Pública Federal superou os R$ 7,8 trilhões, impulsionada pela emissão líquida de títulos e pela taxa de juros elevada.

Fonte: CenárioMT

Dinheiro, Real Moeda brasileira
Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Dívida Pública Federal (DPF) superou, pela primeira vez, os R$ 7,8 trilhões em junho, encerrando o mês em R$ 7,883 trilhões. O avanço de 2,77% em relação a maio foi motivado principalmente pela forte emissão líquida de títulos e pela apropriação de juros, conforme dados divulgados pelo Tesouro Nacional.

A Dívida Pública Mobiliária interna (DPMFi) teve aumento de 2,99%, totalizando R$ 7,581 trilhões. O Tesouro Nacional emitiu R$ 161,31 bilhões em títulos e resgatou apenas R$ 6,69 bilhões, resultando em uma emissão líquida de R$ 154,62 bilhões. Parte significativa da alta veio da incorporação de R$ 65,13 bilhões em juros ao estoque da dívida, em um cenário de Selic a 15% ao ano.

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Enquanto isso, a Dívida Pública Federal externa (DPFe) caiu 2,28%, encerrando o mês em R$ 302,12 bilhões. A valorização do real frente ao dólar, que recuou cerca de 4,41% em junho, foi o principal fator para essa queda.

O colchão da dívida, reserva usada para garantir pagamentos em momentos críticos, subiu de R$ 861 bilhões para R$ 1,03 trilhão, maior patamar desde julho de 2024. A reserva atual cobre 8,44 meses de vencimentos, enquanto o Tesouro estima o vencimento de R$ 1,236 trilhão nos próximos 12 meses.

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A composição da dívida pouco variou. Títulos atrelados à inflação recuaram de 26,64% para 26,45%, enquanto os prefixados subiram de 21,1% para 21,57%. Papéis ligados à Selic se mantiveram praticamente estáveis, passando de 48,25% para 48,16%. Já a parcela da dívida vinculada ao câmbio caiu para 3,82%, dentro dos parâmetros definidos para o fim de 2025.

O prazo médio da DPF teve leve redução, de 4,20 para 4,14 anos, sinalizando a necessidade de refinanciamento mais frequente e refletindo menor confiança de investidores no longo prazo.

As instituições financeiras continuam sendo as maiores detentoras da dívida interna, com 31,3% do total. Fundos de pensão (23,1%) e fundos de investimento (22,1%) vêm em seguida. A participação de investidores estrangeiros caiu levemente de 9,9% para 9,8%, ainda abaixo do pico recente de 11,2% registrado em novembro do ano passado.

Com a emissão de dívida pública, o governo financia seus compromissos e, em contrapartida, promete devolver os recursos corrigidos por índices como Selic, inflação, câmbio ou taxas prefixadas.

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.