O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Donald Trump foi induzido a acreditar em uma mentira ao defender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante evento em Osasco (SP), Lula esclareceu que Bolsonaro responde à Justiça brasileira com direito à defesa e que não se trata de perseguição política. “Ele tentou dar um golpe, planejou assassinatos e isso já está comprovado por delações”, disse.
Lula se colocou à disposição para negociar a tarifa de 50% que os Estados Unidos anunciaram sobre exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. “Se o presidente Trump tivesse me ligado, eu explicaria”, declarou. A medida foi comunicada por carta em 9 de julho e, segundo Trump, justifica-se por ataques ao setor digital norte-americano e pela situação judicial de Bolsonaro, que é réu por tentativa de golpe de Estado.
Para Lula, Eduardo Bolsonaro agiu de forma antipatriótica ao viajar aos EUA para pedir intervenção contra o Brasil. O presidente afirmou que o Congresso deve reagir. Paralelamente, o governo brasileiro montou um comitê para tratar das taxações com representantes do setor produtivo, além de designar o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Mauro Vieira para conduzir o diálogo com os norte-americanos.
Lula também voltou a defender a regulação das big techs. “Elas precisam respeitar a legislação brasileira. Não podem disseminar ódio, mentiras e ataques à democracia impunemente”, disse. Ele acrescentou que os Estados Unidos acumulam superávit de US$ 410 bilhões com o Brasil em 15 anos e que, diante disso, o país quer negociar, não retaliar.
Ao final, Lula ressaltou que o Brasil está preparado para dialogar, mas também tomará medidas, incluindo a possibilidade de aplicar a Lei de Reciprocidade Econômica. “Estamos tranquilos, mas firmes. Vamos esgotar as vias diplomáticas antes de qualquer reação”, concluiu.