O Museu Casa de Rui Barbosa, localizado em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, passa por uma ampla reforma que inclui a modernização das instalações elétricas, a implantação de um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) e um novo sistema de prevenção e combate a incêndios. O objetivo é proteger o acervo e garantir a preservação de um dos patrimônios culturais mais importantes do país.
A iniciativa, vinculada à Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), do Ministério da Cultura, visa evitar tragédias como o incêndio que destruiu o Museu Nacional em 2018. As obras devem ser concluídas até novembro, em tempo para o Dia Nacional da Cultura, celebrado em 5 de novembro, data de nascimento de Rui Barbosa.
Segundo o presidente da Fundação, Alexandre Santini, as intervenções atendem a demandas antigas e são fundamentais para garantir segurança aos visitantes, servidores e ao próprio patrimônio. “É uma ação que cuida do presente com foco no futuro, preparando o museu para seu centenário em 2030”, afirmou.
A reforma também contempla melhorias de acessibilidade, como a instalação de elevadores e rampas, além da desativação de antigas adutoras da década de 1920, que atravessavam o terreno do museu e representavam riscos estruturais. A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) será responsável pelo remanejamento da estrutura.
A Fundação Casa de Rui Barbosa nasceu a partir do Museu Casa de Rui Barbosa, criado em 1930 e transformado em fundação em 1966. Hoje, a instituição integra o Centro de Memória e Informação (CMI), que abriga acervos como o Arquivo Museu de Literatura Brasileira (AMLB), com documentos de escritores como Clarice Lispector, Drummond e Manuel Bandeira.
A museóloga Aparecida Rangel destaca o valor histórico do local, onde ainda estão preservados os cômodos originais da residência e objetos pessoais do jurista, como sua escrivaninha e móveis utilizados durante a Conferência de Paz em Haia. “A casa é um verdadeiro mergulho na história do Brasil republicano”, disse.
Com cerca de 35 mil volumes, a biblioteca do museu é outro destaque. Obras raras do século 16 e títulos em diversos idiomas revelam a erudição de Rui Barbosa. A fundação também tem promovido pesquisas para valorizar figuras historicamente invisibilizadas, como Maria Augusta, esposa de Rui, e os trabalhadores que conviveram com a família.
A instituição planeja expandir suas instalações com a construção de um prédio anexo para abrigar novos acervos e oferecer melhores condições de preservação. O projeto visa acompanhar o crescimento contínuo da biblioteca e dos arquivos históricos.
Todo o processo de reforma conta com o acompanhamento técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), garantindo o respeito às normas de conservação. A expectativa é de que as intervenções assegurem não apenas a integridade do espaço, mas também sua relevância para as próximas gerações.