Filme francês destaca inclusão de pessoas neurodivergentes

Obra exibida no Rio de Janeiro promoveu debate sobre autonomia, desejos e direitos de pessoas neurodivergentes.

Fonte: CenárioMT

Rio de Janeiro (RJ), 24/07/2025 - Debate sobre acessibilidade. Foto: Anna Karina de Carvalho/Agência Brasil
Foto: Anna Karina de Carvalho/Agência Brasil

A discussão sobre a inclusão de pessoas neurodivergentes ganhou força com a exibição do filme francês Pedaço de Mim (2024), dirigido por Anne-Sophie Baill, em uma sessão no Estação Net Gávea, no Rio de Janeiro.

O longa retrata o dilema de uma mãe diante do desejo do filho com transtorno do espectro autista (TEA) de conquistar independência, viver sozinho e construir uma família. A obra provocou reflexões entre especialistas e o público sobre a autonomia e os direitos das pessoas neurodivergentes.

O cineasta Daniel Gonçalves, que se identifica como neurodivergente, elogiou a abordagem do filme. “No senso comum, a gente não transa. Somos anjos e não temos desejo, entre outros estereótipos muito capacitistas”, afirmou. Gonçalves dirigiu o documentário brasileiro Assexybilidade (2024), que traz depoimentos de pessoas com deficiência sobre afetividade, sexo e relacionamentos.

Já Flávia Pope, do Instituto JNG, defendeu uma mudança de olhar. Segundo ela, pessoas neurodivergentes têm plena capacidade de lidar com as rotinas do cotidiano. A organização lançou o primeiro modelo de moradia assistida no Brasil, oferecendo autonomia a adultos com deficiência.

A empresária Ana Mota destacou avanços da Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), que vêm ampliando o acesso de pessoas com deficiência a atividades como assistir a filmes no cinema. Sua empresa, especializada em acessibilidade, tem expandido os serviços de audiodescrição, libras e adequação física nos espaços culturais.

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), o número de salas adaptadas vem crescendo. Em 2024, o Brasil contabilizou 3.480 salas com recursos de acessibilidade. Em janeiro deste ano, o total chegou a 3.509 salas, um novo recorde.