O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil apresentará uma queixa formal à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A medida foi anunciada recentemente pelo ex-presidente americano Donald Trump, candidato à reeleição.
Durante entrevista, Lula deixou claro que, se não houver um acordo diplomático, o Brasil responderá com retaliações proporcionais, baseadas na Lei da Reciprocidade. “Se ele vai cobrar 50% de nós, nós vamos cobrar 50% dele”, declarou o presidente.
Segundo Lula, o governo pretende articular a ação junto a outros países que também foram afetados pelas medidas unilaterais dos EUA. A estratégia busca fortalecer o processo na OMC, evitando prejuízos isolados ao comércio brasileiro.
A Lei da Reciprocidade, sancionada em abril, permite a suspensão de concessões comerciais, investimentos e direitos de propriedade intelectual em resposta a ações consideradas hostis de outros países.
Apoio ao setor produtivo
O presidente anunciou ainda a criação de um comitê com empresários brasileiros que exportam para os EUA, a fim de repensar a política comercial bilateral. “Não é um gabinete de crise, mas de reflexão”, explicou. Lula também garantiu apoio para que esses produtos encontrem novos mercados no exterior.
“O comércio com os EUA representa apenas 1,7% do PIB. Obviamente queremos vender, mas não dependemos exclusivamente dos americanos”, pontuou.
Resposta política
Lula criticou a forma como Trump divulgou a decisão, publicando uma carta em seu site antes de enviar oficialmente ao governo brasileiro. “O Brasil resolve tudo com diálogo. Não se manda correspondência diplomática por site”, afirmou.
O presidente também destacou que o Brasil mantém relações diplomáticas com os EUA há mais de dois séculos e relembrou o bom relacionamento com ex-líderes como Clinton, Bush, Obama e Biden.
Sobre o conteúdo da carta de Trump, Lula negou qualquer desequilíbrio comercial entre os países e lembrou que os EUA têm registrado superávits com o Brasil nos últimos 15 anos.
Ao ser questionado sobre o pedido de Trump para que o ex-presidente Jair Bolsonaro não seja julgado no Brasil, Lula foi enfático: “O Judiciário aqui é autônomo. Ele manda nos EUA. No Brasil, quem manda somos nós”.
Por fim, o presidente acusou diretamente Bolsonaro de ser conivente com a penalização ao Brasil e mencionou a atuação de seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos como influente nesse processo.