O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou nesta terça-feira (8) o Plano da Operação Energética (PEN 2025), destacando riscos no atendimento à demanda de potência elétrica entre 2025 e 2029. O documento aponta dificuldades para suprir o consumo nos horários de pico, especialmente no fim do dia, caso não sejam realizados leilões de contratação de potência.
Entre as alternativas estudadas está o retorno do horário de verão, suspenso em 2019, como forma de aliviar o sistema no período noturno. A adoção da medida dependerá de projeções mais detalhadas nos próximos meses.
O crescimento da geração de energia no país tem sido impulsionado por fontes intermitentes como eólica e solar, além da mini e microgeração distribuída (MMGD). Essas modalidades, contudo, produzem menos energia à noite, aumentando a necessidade de usinas térmicas flexíveis para garantir o fornecimento.
Para os próximos anos, projeta-se um acréscimo de 36 GW na capacidade instalada, chegando a 268 GW em 2029. A fonte solar deve alcançar 32,9% da matriz elétrica, tornando-se a segunda maior no Sistema Interligado Nacional (SIN). Essa transformação exige mais flexibilidade na operação, com destaque para o papel das hidrelétricas e termelétricas no ajuste da oferta.
O ONS prevê elevado despacho térmico no segundo semestre para suprir a potência, especialmente a partir de outubro. Apesar disso, o operador não recomenda novos projetos térmicos com baixa flexibilidade ou longo tempo de acionamento, defendendo soluções capazes de responder rapidamente às variações de demanda ao longo do dia.
Em paralelo, um leilão para contratar reserva de capacidade foi cancelado em 2024 após decisões judiciais e mudanças regulatórias. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afirma que, com uma nova portaria, o certame poderá ser retomado, aproveitando estudos e consultas públicas anteriores.
O PEN 2025 ainda alerta para o risco de insuficiência de potência entre 2026 e 2029, com projeções de violação dos critérios de confiabilidade em diversos períodos. Para mitigar o problema, o ONS considera essencial a realização de leilões anuais de reserva de capacidade.
Outro ponto crítico são as chamadas cargas especiais, como datacenters e plantas de hidrogênio verde, que exigem alto consumo e possuem baixa flexibilidade operacional. O atendimento a essas demandas, sobretudo no horário noturno, será um dos principais desafios para o setor elétrico nos próximos anos.