A diretora socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Tereza Campello, afirmou que as obras para a COP30 em Belém vão gerar transformações estruturais e não se limitam a reformas para agradar turistas. Segundo ela, as ações financiadas pelo banco permitirão que cerca de 500 mil pessoas deixem áreas vulneráveis e sujeitas a alagamentos.
Durante o seminário A Transição Energética e a Sustentabilidade do Futuro, no Rio de Janeiro, Campello destacou que a maior parte das intervenções ocorrerá fora das áreas turísticas. “Belém vai deixar de ter 500 mil pessoas vivendo em situação de risco”, afirmou. Apenas duas obras estão previstas na zona de circulação oficial do evento.
Ela também rebateu críticas sobre a suposta falta de preparo da cidade para sediar a conferência. Campello explicou que o presidente Lula escolheu Belém ciente de seus desafios históricos, especialmente relacionados ao saneamento, e desejava mostrar ao mundo uma Amazônia real e não idealizada.
Sobre a infraestrutura hoteleira, Campello reconheceu a necessidade de soluções para a carência de hospedagem e disse que o governo trabalha para resolver o problema. “É um desafio que temos que enfrentar e estamos nos dedicando a isso”, destacou.
Campello ainda explicou que o modelo de investimento adotado para Belém poderá servir de referência para outras cidades brasileiras, fortalecendo a adaptação a efeitos extremos do clima como calor intenso e enchentes. “Sabemos que a agenda de adaptação é estratégica para o mundo”, disse. Ela alertou, porém, que são necessários mais recursos, especialmente para países em desenvolvimento, que têm menos capacidade de enfrentar as mudanças climáticas.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) está marcada para novembro deste ano em Belém. O evento reunirá países para discutir estratégias de redução do aquecimento global causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, responsável por agravar desastres climáticos em todo o planeta.