Mato Grosso registrou 28 feminicídios nos primeiros seis meses de 2025, segundo dados do Observatório Caliandra do Ministério Público estadual. O levantamento mostra que 70% dos crimes ocorreram dentro da residência das vítimas, evidenciando o perigo presente no próprio lar.
Dos casos registrados, 43% envolveram o uso de arma branca por parte do agressor. A maioria dos homicídios foi cometida durante a noite, com motivações ligadas ao machismo e ao sentimento de posse, como ciúmes, discriminação de gênero e tentativas de separação. Tais fatores corresponderam a 75% das causas relacionadas à condição de gênero.
As vítimas eram majoritariamente jovens e adultas. A faixa etária com maior número de ocorrências foi a de 25 a 29 anos (6 casos), seguida por mulheres entre 40 e 44 anos (5 casos), e entre 50 e 54 anos (4 assassinatos).
Em relação aos autores dos crimes, 20 tinham relação afetiva com as vítimas: 14 eram companheiros e 6, ex-companheiros ou namorados. Quatro mulheres já haviam denunciado episódios anteriores de violência doméstica, mas apenas duas contavam com medidas protetivas em vigor no momento dos crimes.
O impacto se estende às crianças: 44 ficaram órfãs de mãe entre janeiro e junho. Em 2024, foram 83 crianças nesta situação. Em Cuiabá, a prefeitura oferece um benefício mensal para crianças órfãs por feminicídio, ajudando com alimentação e material escolar.
Para ampliar a proteção, o aplicativo SOS Mulher MT oferece um botão do pânico para casos de descumprimento de medidas protetivas. Houve um crescimento de 31% nos downloads do app no primeiro semestre de 2025, totalizando 3.376. Os pedidos de medidas protetivas com o Botão do Pânico também subiram 9%, somando 2.731 solicitações.
O recurso está disponível com botão de emergência em Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres e Rondonópolis. Em outros municípios, o app oferece acesso a serviços como Delegacia Virtual, canais de denúncia, telefones úteis e orientações sobre medidas protetivas.