Em encontro realizado no Rio de Janeiro, ministros de finanças e presidentes dos Bancos Centrais do Brics criticaram o aumento unilateral de tarifas, considerando essas medidas como distorcivas e contrárias às normas da Organização Mundial do Comércio (OMC). Embora não tenha havido menção explícita aos Estados Unidos, o posicionamento foi entendido como um recado direto às políticas tarifárias implementadas pelo governo de Donald Trump.
O documento ministerial divulgado no sábado (5) antecedeu a Cúpula dos Líderes do Brics, marcada para domingo (6) e segunda-feira (7). O texto reforça o compromisso do grupo com um comércio global aberto, justo e baseado em regras, defendendo o papel central da OMC e alertando contra o risco de guerras comerciais que possam afetar a economia mundial.
“Os membros do BRICS demonstraram resiliência e continuarão a cooperar entre si e com outros países para salvaguardar e fortalecer o sistema multilateral de comércio”, registra o comunicado oficial.
Além da declaração principal, foram publicados documentos específicos sobre a revisão das cotas do FMI e o apoio à Convenção-Quadro da ONU sobre Cooperação Tributária Internacional. Os ministros afirmaram que as cotas atuais do FMI não refletem o crescimento acelerado dos mercados emergentes e defenderam um realinhamento mais justo, que leve em conta o PIB em Paridade do Poder de Compra (PPP) e proteja os países mais pobres.
Na parte tributária, o Brics destacou a necessidade de mais transparência fiscal e de cooperação internacional para combater a evasão e os fluxos ilícitos. O objetivo, segundo o texto, é reduzir desigualdades e promover a assistência mútua em questões fiscais.
O comunicado também abordou a COP 30, prevista para novembro em Belém, propondo maior participação dos ministérios da Fazenda e Bancos Centrais nas discussões sobre financiamento climático, com meta de alcançar 1,3 trilhão de dólares. Os ministros ressaltaram os desafios estruturais das mudanças climáticas e energéticas, destacando que enfrentá-los oferece oportunidades de investimento, desenvolvimento sustentável e redução da pobreza.