Mercado se diversifica sem sinais de desdolarização, afirma Dilma

Dilma Rousseff declarou que o mercado financeiro busca mais transações em moedas locais, mas sem substituir o dólar.

Fonte: CenárioMT

Mercado se diversifica sem sinais de desdolarização, afirma Dilma
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, declarou neste sábado (5) que o mercado internacional está ampliando o uso de moedas locais em transações, mas sem indicar uma substituição do dólar como referência global.

Em coletiva de imprensa no encerramento da 10ª Reunião Anual do NDB, no Rio de Janeiro, Rousseff esclareceu que não há movimento claro de desdolarização. “Hoje não tem ninguém querendo assumir o lugar dos Estados Unidos”, disse. Segundo ela, a iniciativa de diversificar as moedas vem do próprio mercado financeiro internacional, que permanece majoritariamente dolarizado.

Questionada sobre discussões nos Brics para reduzir a dependência do dólar, Dilma explicou que tais decisões não cabem ao banco. O ex-presidente norte-americano Donald Trump já ameaçou impor tarifas de 100% sobre importações dos países do Brics que abandonarem o dólar em transações comerciais.

Durante o evento, Dilma anunciou a entrada de Uzbequistão e Colômbia como novos membros do NDB, que passa a contar com 11 integrantes, incluindo Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Bangladesh, Egito e Argélia. Criado em 2015, o banco financia projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em nações emergentes.

Desde 2014, foram aprovados 122 projetos que somam cerca de US$ 40 bilhões, sendo 29 deles no Brasil. O desembolso para o país chega a US$ 4 bilhões, equivalente a 18% do total. Segundo Dilma, a prioridade atual é financiar inovação, ciência e tecnologia para reduzir as disparidades de desenvolvimento entre os países membros.

Ela também destacou a importância de investimentos em energias renováveis. Relembrou quando defendeu a ideia de armazenar ventos e Sol, criticada à época, mas que hoje considera fundamental para garantir segurança energética e apoiar a transição para fontes limpas.

O Brics reúne 11 membros permanentes, incluindo Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Juntos, representam 39% do PIB mundial e quase metade da população do planeta. Em 2024, os países do bloco receberam 36% das exportações brasileiras e responderam por 34% das importações do país.