Voepass: Anac cassa definitivamente certificado após mais de 2 mil voos sem manutenção adequada

A Anac cassou em definitivo o Certificado de Operador Aéreo (COA) da Voepass. Entenda como o acidente em Vinhedo revelou mais de 2 mil voos sem manutenção adequada e a falta de segurança persistente da companhia.

Fonte: CenárioMT

Guarulhos (SP) 13/08/2024 - São Paulo (SP) 13/08/2024 Avião da empresa VOEPASS decolando no aeroporto de Guarulhos Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Guarulhos (SP) 13/08/2024 - São Paulo (SP) 13/08/2024 Avião da empresa VOEPASS decolando no aeroporto de Guarulhos Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
O terrível acidente aéreo em Vinhedo, São Paulo, que ceifou a vida de 62 pessoas em agosto do ano passado, impulsionou uma fiscalização rigorosa sobre as operações da companhia aérea Voepass. Contudo, mesmo sob esse olhar atento, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) revelou que a empresa persistiu no descumprimento das normas essenciais de segurança dos voos.

Em uma reunião decisiva realizada nesta semana, a Anac ratificou a cassação definitiva do Certificado de Operador Aéreo (COA) da Voepass. Essa medida drástica significa que a companhia está permanentemente impedida de realizar o transporte aéreo de passageiros. Não há mais possibilidade de recurso contra essa decisão.

Guarulhos (SP) 13/08/2024 Avião da empresa VOEPASS decolando no aeroporto de Guarulhos Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Após acidente fatal em Vinhedo, Voepass continuou operando com falhas críticas, diz Anac – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Mais de 2.600 voos realizados sem manutenção adequada

Conforme informações obtidas pelo G1, o relator do processo na Anac, diretor Luiz Ricardo Nascimento, ressaltou um “sistemático descumprimento de procedimentos operacionais” por parte da Voepass. O número é alarmante: um total de 2.687 voos foram operados com aeronaves sem a manutenção preventiva adequada.

“Tal comportamento, de continuidade de conduta infracional, não era de forma alguma esperado para um operador regular após a ocorrência de grave acidente com uma de suas aeronaves, pois a tal fato espera-se suceder o aumento do nível de alerta de empresa como um todo, uma maior diligência na execução dos procedimentos de manutenção, e um reforço em seu sistema que visava a proteção aos voos.”

— Luiz Ricardo Nascimento, diretor da Anac

Nascimento ainda reforçou que, mesmo após a tragédia de Vinhedo, a Voepass deixou de cumprir, de forma reiterada, inspeções obrigatórias. A ausência desses trabalhos aumenta significativamente as chances de falhas, mau funcionamento ou defeitos técnicos, comprometendo diretamente a segurança das operações aéreas.

Compromisso com a segurança: a posição do governo

Em nota oficial, o Ministério dos Portos e Aeroportos manifestou-se sobre a decisão, afirmando que “a medida mostra o compromisso da agência pela preservação do serviço aéreo no país, garantindo segurança da operação ao usuário”. A Voepass, formada pela Passaredo Transportes Aéreos e pela Map Linhas Aéreas, atendia um total de 16 destinos em voos comerciais, o que amplia a relevância da decisão para o setor.

Histórico de suspensão e falta de resolução dos problemas

É importante lembrar que as operações de voos da Voepass já estavam suspensas desde 11 de março de 2025. Essa suspensão foi um desdobramento direto da intensificação da fiscalização pós-acidente em Vinhedo.

Após a tragédia, equipes da Anac visitaram as bases de operação e manutenção da companhia para verificar as condições de segurança. Já em outubro de 2024, medidas rigorosas haviam sido exigidas da Voepass, incluindo:

  • Redução da malha aérea
  • Aumento do tempo de solo das aeronaves para manutenção
  • Troca de administradores
  • Execução de um plano de ações para correção das irregularidades identificadas

No entanto, segundo a agência reguladora, a companhia aérea falhou em solucionar os graves problemas apontados. Durante a última reunião que selou seu destino, o advogado da Voepass, Gustavo de Albuquerque, argumentou que a cassação do COA representaria uma “pena perpétua” para a empresa.

Perguntas frequentes (FAQ) sobre a cassação da Voepass

O que significa a cassação do Certificado de Operador Aéreo (COA)?

A cassação do COA significa que uma companhia aérea perde a autorização para operar voos comerciais de transporte de passageiros. É a penalidade máxima imposta pela Anac para irregularidades graves.

A Voepass pode recorrer da decisão da Anac?

Não. A Anac confirmou que a decisão de cassação do COA da Voepass é definitiva e não cabe mais recurso administrativo.

Quantos voos foram afetados pela falta de manutenção da Voepass?

A Anac identificou que a Voepass realizou 2.687 voos com aeronaves que não possuíam a manutenção adequada, mesmo após o grave acidente em Vinhedo.

O que motivou a intensificação da fiscalização da Voepass?

A fiscalização sobre a Voepass foi intensificada após o acidente aéreo em Vinhedo, São Paulo, em agosto do ano passado, que resultou na morte de 62 pessoas.

A decisão da Anac reforça a prioridade da segurança aérea no Brasil. Para mais informações sobre o setor, continue acompanhando nossas notícias.

Conteúdo relacionado: