Os preços do algodão em pluma seguem em queda no Brasil, retornando aos patamares nominais de março de 2024, conforme apontam os mais recentes levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A movimentação negativa ocorre em meio ao início da colheita da safra 2024/25, que tem expectativa de ser recorde, o que aumenta a oferta interna e reforça o viés de baixa no mercado.
Segundo os pesquisadores do Cepea, os vendedores estão mais dispostos a liquidar os lotes remanescentes da temporada 2023/24, temendo uma perda ainda maior de valor diante da perspectiva de maior disponibilidade nas próximas semanas. Os compradores, atentos a esse comportamento, têm ofertado preços menores na aquisição de novos volumes, contribuindo para a intensificação da desvalorização.
Na segunda-feira (23), o Indicador CEPEA/ESALQ (com pagamento em 8 dias) fechou em R$ 4,1655/libra-peso, o menor valor desde 21 de março deste ano (R$ 4,1652/lp). Na parcial de junho, até o dia 23, o indicador já acumula queda de 5,7%.
Pressão também vem do mercado externo
Além do cenário interno, a queda nas cotações internacionais da pluma também pressiona o mercado brasileiro. Com a valorização do dólar em algumas sessões e o aumento da oferta global, os preços externos perdem força, influenciando diretamente as negociações no Brasil.
Colheita avança lentamente
No campo, dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontam que 4% da área brasileira de algodão já havia sido colhida até o dia 21 de junho. A tendência é de que o ritmo se intensifique nas próximas semanas, aumentando ainda mais a pressão sobre os preços internos.
A expectativa do setor produtivo é de que, apesar do início de colheita e da desvalorização atual, a qualidade da safra e a demanda da indústria têxtil possam ajudar a equilibrar os preços no médio prazo. Porém, no curto prazo, o mercado deve seguir pressionado pela oferta crescente e pela competitividade internacional.